Em nota, AJD diz que nomeação de novo membro do STF exige um debate democrático, amplo e sereno

24/01/2017

Por Redação - 24/01/2017

Na tarde de ontem, a Associação Juízes para a Democracia emitiu nota pedindo para que a nomeação do novo membro do Supremo Tribunal Federal (STF) ocorra sob o transparente debate público e aguarde o julgamento da atual chapa política da Presidência da República pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Confira a íntegra da nota:

Nota da Associação Juízes para a Democracia

A nomeação de novo membro do STF exige um debate democrático amplo e sereno

A Associação Juízes para a Democracia (AJD), entidade não governamental, sem fins corporativos, que tem dentre seus objetivos estatutários o respeito aos valores próprios do Estado Democrático de Direito, tendo em vista a divulgação de notícias no sentido de que a presidência da república nomeará em breve tempo novo membro do Supremo Tribunal Federal (STF), vem a público dizer que:

1. A sucessão à vaga de ministro do STF, aberta após a trágica morte do Ministro Teori Zavascki, enseja a reflexão crítica acerca da atual forma de nomeação de membros da mais alta corte do país. O modelo previsto na Constituição deve ser democraticamente aperfeiçoado para permitir candidaturas abertas ao tribunal, debates entre os candidatos à função e participação de entidades da sociedade civil acerca dos nomes colocados à discussão, na forma que, há alguns anos, a AJD tem defendido (http://ajd.org.br/documentos_ver.php?idConteudo=161).

2. No atual momento de grave instabilidade política no país, tal questão ganha especial relevância. Tem-se a presidência da república ocupada após processo de impeachment concretizado em 2016, cuja legitimidade ainda hoje é colocada em dúvida por respeitáveis setores do meio jurídico. Há ainda a expectativa de julgamento a ser realizado perante o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que poderá cassar a chapa política ocupada pela presidência da república. Por fim, há a possibilidade de o sucessor da vaga Teori Zavascki exercer a relatoria dos processos relacionados à Operação Lava Jato, tendo sido noticiado que o falecido ministro estava prestes a homologar delações de executivos de empreiteira a envolver agentes políticos próximos ao governo - cujas respectivas responsabilidades devem ser apuradas conforme os ditames do devido processo legal.  

Os governos passam, mas os membros da mais alta corte do país permanecem.

Sendo assim, a AJD, atenta à necessária manutenção da legitimidade democrática da cúpula do Judiciário brasileiro, clama para que a nomeação de novo membro do STF ocorra sob o transparente debate público, de forma não afoita e aguarde, ao menos, o acima citado julgamento da chapa da atual presidência da república perante o TSE.  

São Paulo, 23 de janeiro de 2017.

A Associação Juízes para a Democracia


Imagem Ilustrativa do Post: Supremo Tribunal Federal // Foto de: Ronaldo SM // Sem alterações Disponível em: https://www.flickr.com/photos/ronaldosm/5596638711/ Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode
 

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