TRISTEZA ENCAPSULADA

07/01/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Durante anos,
Você encapsulou tristezas.
Uma a uma,
Você colocou-as em cápsulas.
E tantas foram,
Que deram colares;
E depois coletes;
Mais tarde mantos.
Echarpes.
Até chapéus.
E você foi ficando cabisbaixa,
E corcunda,
Com o peso delas.
E de tanto não as poder contar,
Foi emudecendo também.
E ao não dizer sobre elas a ninguém,
Também sobre elas nada ouviu.
E foi ficando surda.
Com o tempo, sentiu-se amarrada,
Presa.
Não quis mais nem andar.
É que não podia.
Não conseguia.
Foram muitas essas tristezas,
Algumas engolidas,
Com aquela típica água de lágrimas.
Outras, não menos sofridas, foram sorvidas a seco.
Sempre sob o testemunho do mesmo silêncio.
E se não as disse,
O foi para não magoar alguns,
Ou por não querer preocupar a outrem.
E assim indo, sendo e sentindo,
Livrou a todos,

Poupou a todas.
Mas aprisionou-se,
Em cápsulas de tristeza.
E elas sequestraram seu sorriso.
E tiraram o brilho dos seus olhos.
Entristeceram seu coração.
Quebraram-lhe as asas.
Então, da sua liberdade,
Restou muito pouco.
Mas as cápsulas de tristeza...
Ah, delas seu ser ficou cheio.
E se hoje você tenta emitir pedidos de socorro,
Procurando sair desse emaranhado capsular,
Isto é inútil.
Eles são pequenos,
E fracos.
Não cruzam as portas,
Nem da alma.
Por isso não são percebidos.
Por ninguém.

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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