Peço

08/05/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Peço que a liberdade não te assuste,
e que a luta não te canse tanto.
Peço que seja teu próprio pão,
teu leite, tua chave e teu canto.
E se der,  tua luz e teu chão,
custe o que te custe.
Peço que tome daquele cálice proibido,
tenha ele ou não o nome de maçã,
pois dele podemos ter nascido,
e com ele ainda podemos fazer o amanhã.
Peço que encha teus dias de madrigal.
Que tire de ti a amargura que ainda te sufoca,
e te é malsã,
e em seu lugar coloque apenas amor incondicional,
pelo que seja, por quem seja.
E sim, eu sei,
todo amor demanda,
dá-nos muito trabalho,
mas vale.
Pode salvar-te.
Mas se te matar quiser, mata-o antes, ao amor.
Por Eros hás de ser absolvida,
afinal, terá sido em legítima defesa da tua vida. 
E parta para outro eterno amor,
pois o mundo está cheio deles.
E também por isso, eu te suplico:
nunca seja uma escrava emocional.
Peço que abra as janelas do medo,
e o deixe ir-se,
e que no seu lugar coloque os sonhos,
que têm asas e nos podem transportar por aí,
mundo afora.
Mas, por favor, tem que ser agora.
Daqui a uma hora já poderá ser tarde.
É que já arde,
há tempos,
a necessidade de reconciliar em ti razão e coração.
São apenas os sentimentos,
que peço sejam por ti pensados.
Peço que coloque um pouco mais de ti,
e bastante menos dos outros,
para fecharmos essa conta.
A tua essência te busca, em ronda incessante,
então dela não te esconda,
não fique dela distante;
enxergue-a,
valide-a.
E seja aquele ser sentipensante,
que Galeano e seus pescadores
te inspiraram a ser.
Peço, apenas peço.
 
Foto reprodução da autora
 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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