OS FATOS DA NATUREZA E O JUÍZO DE VALOR DOS SERES HUMANOS

22/02/2022

Vamos tratar, resumidamente, do chamado “mundo fenomênico” e o “munda da cultura”. Cuida-se de uma visão didática e até mesmo simplista, tendo em vista o escopo meramente informativo do singelo texto.

No sentido ontológico, não existem coincidências. Não existem perigos. Explico abaixo a nossa compreensão sobre estas questões.

Na verdade, as coincidências são fruto de nossos limitados juízos de valor sobre os acontecimentos do mundo natural, do mundo fenomênico. Em outras palavras: a coincidência está apenas em nosso pensamento e não está no mundo físico. Nele, a coisas simplesmente acontecem, regidas pela relação de causalidade: causa e efeito.

Ademais, se determinado acontecimento (coincidente) não tivesse ocorrido, outro teria sido causado e também poderíamos achar que ele foi uma “improvável coincidência” ...

Por exemplo: nas loterias, sempre será sorteado um número em face do qual alguns acharão coincidências e outros não acharão. O mesmo ocorrerá em face de novos sorteios.

No mundo natural, regido pelas “leis” da física e química, não existe um propósito, não há condutas finalísticas. Os acontecimentos da natureza são “cegos”, mas os humanos sentem necessidade de “humanizá-los”.

Outro exemplo: temos a ideia de perigo, mas, na realidade fenomênica, ele não existe. Ele é resultante de uma precária avaliação do ser humano sobre um acontecimento.

Postas aquelas condições físicas, sempre e sempre ocorrerá aquela situação que avaliamos como perigosa, o dano temido jamais ocorrerá ... Melhor explicando: sendo o mesmo processo de causalidade, tudo se passará da mesma forma, o dano não será realizado, embora continuemos temendo a sua ocorrência ...

Desta forma, por vezes, confundem-se o “mundo da cultura” com o “mundo físico”. Isto ocorre muito nas diversas religiões.

Criamos o primeiro e somos criatura em relação ao segundo. O nosso pensamento é fruto da realidade fenomênica, sendo explicado pelo conhecimento científico. Por outro lado, o nosso pensamento sobre a realidade natural e a ordem econômica de uma determinada sociedade criam a superestrutura cultural.

Nosso pensamento, que dissemos lógico, precisa sempre de parâmetros, medidas e limitações. Não conseguimos compreender que algo possa ter sempre existido e que sempre existirá, ainda que em processo de transformação. Sempre raciocinamos com o finito e não admitimos o infinito.

Assim, a conclusão óbvia é que o desaparecimento do ser humano faria desaparecer o “mundo da cultura”, mas o “mundo natural” continuaria existindo normalmente (até melhor, porque não haveria quem o degradasse...).

 

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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