AJURICABA

10/06/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Se assim fomos e somos,
feitas daquele barro vermelho (sem espelho), 
daquelas agruras e daquelas doçuras, 
daquela mistura contraditória e complementar a um só tempo, 
sem tempo, 
sem data marcada 
para existirmos, 
embora tenhamos nascido com dia certo, 
e certificado, 
é porque nossa história estava traçada. 
E foi assim também que, 
naquelas lonjuras, 
nos tornamos 
donas do próprio destino, 
em desalinho 
com o que pensaram para nós, 
contrariando aquilo que estava carimbado. 
Porém, quem voa antes do tempo, 
do ninho, 
ganha recriminação, 
nada de compaixão, 
e há de seguir seu coração 
para ser o que veio para ser. 
Crescer, ser, morrer sem perceber, renascer, 
E de novo voltar a ser. 
Essa teimosia em tirar da vida 
o que pensou que lhe cabia, 
acabou levando-a adiante. 
Mas tudo pode desfazer-se em um instante. 
E isso ela também sabia. 
Porque no fundo só temos esse instante. 
E ele é imenso, mas finito. 
E com nada rima, pois a vida não tem tanta poesia, 

embora sim nos reanima, com profunda emoção, 
pois das tristezas também nascem belezas. 
E nas certezas que temos, ah, se as temos, 
conseguimos nos identificar, 
e nos apoiar, 
mesmo na distância da solidão.

 

*FOTO ARQUIVO PESSOAL DA AUTORA*

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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