VIAJANTES EM CLARO: EM BUSCA DE UM ELO PERDIDO QUE SE RECONSTRÓI NA E PELA ESCRITA...

07/12/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Convidaram-me para um desafio: falar sobre a escrita e sobre como ela evoluiu/evolui/evoluirá ao longo do tempo.

Aceitei-o e o farei através de um escrito-conversa ou conversa-escrito(a): (é que talvez seja) o modo que mais se encaixa com a proposta.

O Tema é instigante e desafiador porque a escrita é uma das habilidades mais complexas dominadas/dominável pelo Homem.

Não poderia deixar de iniciar essa conversa com algo que há anos tem me deixado inquieto: (e se eu lhe disser que) todo(a) escritor(a) é um(uma) viajante em busca de um elo perdido(?).

Ao longo dos séculos, os seres humanos encontraram diferentes formas de como se comunicar uns com os outros, expressar-se e registrar suas ideias, sentimentos e experiências.

Estima-se que nossos antepassados costumavam se expressar através da oralidade (isto é, o uso da língua e dos efeitos sonoros por ela produzidos, nas práticas discursivas cotidianas), de símbolos (religiosos, sobremaneira) e de desenhos (que, em sua grande maioria, eram gravados nas paredes de cavernas). Naquela época, eles entendiam que a fala, os símbolos e os desenhos, eram uma das únicas formas de se comunicar com o outro e de deixar as marcas de suas experiências na Terra.

Com o passar do tempo, a fala, os símbolos e os desenhos, ganharam uma nova roupagem – técnica e sistematizada – e receberam alguns incrementos mecânico-tecnológicos: eis a chegada e evolutividade do maquinário (à princípio, datilográfico).

A escrita — que integra esse enredo — é um processo infindável e desafiador. É infindável porque não encerra(rá): a evolutividade da escrita pressupõe a melhoria da habilidade de escrever e do aprendizado da técnica para aprimorá-la. E é — de longe — um dos processos mais desafiadores porque ela causa — e assim (sempre) será — dúvida em nós (emissores: será que seremos compreendidos?) e em quem ler(á) o que escreve(re)mos (receptores ou leitores, se preferir assim chamá-los: o que o escritor quis dizer com as palavras que disse?).

Se bem que esta é a única certeza do (a) escritor(a): a incerteza da compreensão: de não saber ao certo se o que se escreve — como quem quer (se) declarar (algo) — será compreendido por outra alma que se dispõe a decifrar o seu escrito.

E a escrita funciona (e é) mais ou menos assim: quanto mais nós escrevemos, mais nós desaprendemos (sim, desaprendemos) a escrever. Mas é nesse processo — em que nós estivemos, estamos e sempre estaremos — que a escrita se reconstrói na e pela escrita sob o olhar de um escritor(a).

Além do mais, escrever é esquecer. Também é (re) lembrar: vi (para) ver e revivi (para/o) reviver...

Talvez por isso a maior tristeza de um escritor seja não (poder) escrever — e ter que guardar tudo aquilo que nele (sobre) vive — e não (poder) mostrar ao mundo um novo horizonte — um novo jeito de pensar um pensar viajante...

 

Imagem Ilustrativa do Post: There is no yes without a no - The Hermit - António Dacosta, 1914 - 1990) // Foto de: Pedro Ribeiro Simões // Sem alterações

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