Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Queria eu poder dizer em um único verso o meu universo, mas não sei sequer diferenciar o que percebo do que sinto. Sinto tudo demasiadamente e vejo a vida sendo derramada entre meus dedos, então imerjo na profunda intensidade, como se tivesse um único fôlego de vida e me afogo nas incertezas que me fazem morrer um pouco por dia. Duvido de tudo, sobretudo de mim e é tardia a forma como processo o mundo, demoro a entender, embora o sinta instantaneamente. Não há transparência nas minhas sensações, e existem momentos em que as percepções me escapam como um gás que se expande pela atmosfera. Não sou capaz de sentir ordenadamente e sou entusiasta de labirintos, talvez por nunca ter saído de um. Meus pensamentos são livres, não os prendo. Embora minha imaginação seja minha liberdade, minha realidade se espedaça facilmente e me dispersa, me situando em um outro universo que me mostra já ser outra, é que as minhas metamorfoses são quase que diárias. Sou instintiva, caleidoscópica e cheia de limitações descritivas que me rasgam em pedaços de mim.
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