No dia 20 de junho, a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, na cidade de Franca, completou sessenta anos de idade, desde a fundação dos primeiros institutos isolados de ensino superior em 1962 que, posteriormente, em 1976, foram incorporados à então criada UNESP.
Como oriundo (alumni) do curso de graduação de Direito, recordo-me das histórias relativas à criação do curso no ano de 1984, uma década antes de minha passagem pela instituição. Incontáveis são as recordações dos professores, alunos e amigos que surgiram naquele período de formação educacional. Frequentar a instituição, na minha época denominada de Faculdade de História, Direito e Serviço Social, hoje designada de Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, foi engrandecedor e esse sentimento é compartilhado por todos aqueles que tiveram a oportunidade de integrar seus quadros. O convívio social no âmbito universitário é muito rico, viabilizando a troca de experiências entre alunos oriundos de outros Estados, com histórias de vidas diferentes e, justamente por isso, as amizades e empatias foram e continuam a ser cunhadas e aperfeiçoadas em um ambiente de solidariedade. A peculiaridade da UNESP possuir unidades espalhadas pelo interior do Estado de São Paulo é crucial para a disseminação da educação universitária, propiciando um acesso mais amplo, abarcando quem não consegue deslocar-se até a capital paulista ou mesmo que prefere a vida menos estressante do interior. Apesar da instituição ser uma autarquia do Estado de São Paulo, a forma com que recepciona os alunos oriundos dos mais diversos Estados do Brasil demonstra que não deve existir espaço para qualquer discriminação em sua acepção negativa no meio acadêmico.
A universidade pelo significado literal da palavra é reconhecida como um conjunto de faculdades integradas, congregando diversas áreas do conhecimento, mas não é só essa concepção que deve vigorar no seio acadêmico, uma vez que o termo “universidade” também alcança e pressupõe uma pluralidade ou universalidade de alunos, professores e servidores públicos que objetivam atuar em prol de um maior desenvolvimento da sociedade a curto, médio e longo prazo. No caso do curso de Direito e Serviço Social, em Franca, por exemplo, de imediato, existia e ainda existe desde a década de 90 do século passado, o Centro Jurídico Social, em que alunos, estagiários de Direito e Serviço Social, com a supervisão dos professores da instituição, disponibilizam atendimento à população mais carente da cidade de Franca, por meio de serviços gratuitos, tendentes a defesa do direito dos cidadãos e de suas famílias. A médio e a longo prazo, a formação dos estudantes de maneira sólida não só tecnicamente, pois engloba também o autoconhecimento e o respeito à diversidade cultural, culmina na devolução aprimorada dos alunos graduados para a sociedade, pois, em certo período de tempo, tais profissionais aos poucos acabam retribuindo à população os louros da formação humanista concretizada nos anos de estudos na instituição em que, além de juristas e assistentes sociais, cunham-se verdadeiros filósofos com a empatia e a solidariedade, funcionando como uma espécie de argamassa da estrutura educacional universitária. Isso não é diferente nos cursos de História e Relações Internacionais, dada a excelência do ensino superior e das diretrizes universitárias.
A designação costumeira atribuída às universidades como a UNESP é associada ao termo em latim Alma Mater, que, por sua vez, representa a figura alegórica de uma mãe que nutre e alimenta seus filhos e descendentes. Essa associação entre a maternidade e a universidade é extremamente adequada, na medida em que, assim como as mães, a universidade acolhe a todos os seus filhos (alunos) não apenas nos primeiros anos de sua vida acadêmica, pois essa relação umbilical de carinho, amor, afeto e dedicação permanece e se aperfeiçoada ao longo dos anos e jamais se extingue. Alguns estudantes retornam ao seio matriarcal como professores da própria instituição, outros, ainda que jamais retornem fisicamente ao campus, levam em seus currículos a respectiva formação acadêmica, inclusive estampada em artigos científicos e livros derivados de suas pesquisas e atuação profissional. Talvez uma das maiores alegrias para muitos dos alunos egressos seja retornar à instituição para participar das festividades de formatura de seus filhos, netos e bisnetos, como se fosse um círculo virtuoso infindável e uma tradição. Nem sempre isso será possível, mas a mera expectativa e esperança já é uma satisfação incomensurável.
As contribuições que as universidades públicas em geral proporcionam à comunidade brasileira são infinitas e expansivas, com o alargamento de suas divisas no âmbito internacional por meio de pesquisas, acordos de parceria com outras entidades dos mais variados países, intercâmbios acadêmicos e culturais, dentre tantas outras possibilidades que seriam impraticáveis de serem enumeradas nesse texto.
A cooperação das instituições educacionais com a sociedade, objetivando a evolução de todos os seres humanos, visto que somos integrantes de uma comunidade solidária global, não deve esmorecer, sendo essas entidades as diretamente responsáveis, nos últimos anos, pelas pesquisas científicas em inúmeras áreas de conhecimento que não se restringem ao mero aperfeiçoamento das vacinas e dos tratamentos médicos tão destacados nos tempos hodiernos diante da propagação da Covid-19.
Em recente manifestação na tribuna da Câmara Municipal de Franca, o atual vice-diretor da unidade da Unesp na cidade ressaltou a importância dos cursos disponibilizados aos estudantes, merecendo destaque no site da edilidade, notícia da qual se extrai o seguinte trecho:
“O diretor ainda citou a prestação de serviços gratuitos na área jurídica e social sendo referência nacional e enfatizou ‘um dos melhores e mais concorridos cursos de direito do país com 43,8 candidatos por vaga do vestibular da Vunesp do último ano. Somos o terceiro curso mais concorrido de toda a Unesp e figuramos entre os 10 melhores do Brasil no ranking da OAB’
Murilo também ressaltou sobre a qualidade do ensino prestada na formação do curso de relações internacionais que completa 20 anos neste ano sendo um dos melhores do país.
Atualmente a Unesp-Franca oferece quatro cursos de graduação sendo, Direito, História, Serviço Social e Relações Internacionais, quatro programas de pós-graduação, com uma abrangência de aproximadamente 2,4 mil alunos, 130 servidores técnicos administrativos, quadro permanente de 71 docentes, além dos professores substitutos”[1].
Em outra notícia disponibilizada na mídia eletrônica foi divulgado também, nesse ano de 2022, que a UNESP se encontra, segundo a Quacquarelli Symonds (QS), em termos de qualidade de ensino, na quinta posição entre as universidades brasileiras, na vigésima segunda colocação dentre as instituições latinoamericanas e entre as quatrocentas e setenta e sete melhores universidades do mundo[2].
Diante dos elementos narrados, essa data festiva e comemorativa da UNESP de Franca deve ser congratulada e propagada, aproveitando o momento para recordar a importância das universidades públicas, que são a verdadeira Alma Mater não só dos seus alunos egressos, mas, em essência, de toda a sociedade brasileira.
Notas e Referências
[1] Diretor destaca qualidade de ensino e comemoração dos 60 anos da Unesp-Franca. Disponível em https://franca.sp.leg.br/pt-br/noticias/2022/04/diretor-destaca-qualidade-de-ensino-e-comemoracao-dos-60-anos-da-unesp-franca. Acesso em 29.06.2022.
[2] Unesp Franca 60 anos: conheça o passado e a atual a estrutura da faculdade; FOTOS. Disponível em https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2022/06/22/unesp-franca-60-anos-conheca-o-passado-e-a-atual-a-estrutura-da-faculdade-fotos.ghtml . Acesso em 29.06.2022.
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