SOB O MESMO SOL

23/08/2024

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Estão todos trancafiados em seus cubículos. O sol nasceu retangular e por frestas se faz democrático sendo luz e calor para todos os que ele alcança.


Sob o mesmo sol e com pouca diferença de ângulo ou acesso, estão os presos e os policiais penais. Todos respirando o mesmo ar e sob sentenças distintas: uns ficam mais tempo dentro das celas enquanto outros passam maior tempo nas guaritas.


Em algum momento do dia, as celas serão abertas e pelo pátio os presos poderão fazer curtas caminhadas entre os extremos. Explorando os limites da galeria e fazendo dos passos , um sonho de uma caminhada em algum lugar improvável. O sol faz o convite para a secagem de roupas úmidas. Alguns usam o sol como um repelente ou inibidor de coceira.


Mudando de ótica, os policiais aguardam o término do plantão, despir-se das fardas e retornarem para suas casas ou emendarem em outro trampo.


Na cadeia, todos esperam pela hora do fim. Seja o preso ou o policial penal.


Único que não deseja o fim, é o familiar. Que se entristece toda vez que a visita termina. O sinal tocando, apressa a esposa na visita íntima, que transa até o último segundo permitido. E no pátio, a mãe, a esposa, a irmã, os filhos, esperam o segundo sinal para soltar o abraço apertado. Até que a outra visita aconteça ou se torne dispensável pela vinda do Alvará de Soltura.


Cadeia é um labirinto de esperas, alguns se perdem no caminho e outros, depois de muita resiliência, conseguem chegar ao final e ver o sol por completo, sem frestas ou formatos geométricos.


Tem preso fod1d0, tem policial se fud3nd0 e tem familiar sofrendo. Em peculiares proporções, a prisão, é prisão para todo mundo. Seja usuário ou servidor. Caiu na cadeia, já era!


E apesar do Alvará de Soltura ou fim do expediente de trabalho, nem sempre é possível sair de lá. O impacto da convivência faz morada no pensar.

 

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