Só restaram as valas

20/01/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

É preto, é pobre, é pilão de gente / é massa, argamassa, é liga que nos liga / é terra, nossa terra, em Tupi e Yorubá;

Mas não se sente a dor, pois ela não é nossa, ela não se vê / está na veia do escravizado / está nas mãos e pés rachados / os tambores foram levados. Sem Òrun, só Àyiè / só realidade sem sonho / só terra fria batida / e mais e mais dor no tempo da dor.

É o sangue que jorra nas ruas / ruas perdidas ou mentes perdidas / e lá estamos parados, imobilizados / e lá estamos, com nossos sonhos roubados. Um sorriso desbotado, cansado / um poeta perdido, atordoado / é o vento que sufoca / é a tinta que não mancha / é a água que não molha / é a vida sem vida;

Só restaram as valas, só restaram as valas...

 

Imagem Ilustrativa do Post: prédios na rua do lavradio // Foto de: Eduardo Otubo // Sem alterações

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