“Sete de Setembro: Independência do fascismo ou submissão”

07/09/2021

O dia de hoje torna absolutamente oportuno o forte e contundente texto da conceituada economista e jornalista “MARILZA DE MELO FOUCHER”, justificando a sua publicação em nossa coluna do Site Empório do Direito.

Ele é um “grito” de alerta contra esta deletéria tentativa de impor um (des)governo autoritário à nação brasileira.

Vamos ao citado texto, mas, desde logo, que fique claro: não vamos aceitar; vamos resistir !!!

Democracia ou barbárie !!!

Afranio Silva Jardim, mestre e livre docente em Direito pela Uerj.

Escreveu Marilza Foucher:

“O que o fascismo odeia mais do que qualquer outra coisa é a inteligência. Por isso, é urgente conclamar a inteligência brasileira a se manifestar para retirar a ignorância da cimeira do poder. Vamos colocar nossa inteligência a serviço da democracia

Desde que chegou ao poder, Bolsonaro vem cometendo atrocidades e ferindo os princípios constitucionais sem ser incomodado na sua insana trajetória fascista.

Com a pandemia, o comportamento negacionista de Bolsonaro e de seus seguidores provocou e mantém uma crise sanitária, social e política sem precedentes no Brasil. As mortes causadas pela inoperância da ação governamental fazem parte de uma drástica realidade.

Hoje no Brasil encontramos todos os ingredientes do fascismo, somos governados por um psicopata déspota, fanático, além de ser o principal responsável pelo avanço da pandemia Covid19 que hoje totaliza 577.565 mortes.

Mesmo sendo acusado de genocídio, Bolsonaro continua desrespeitando todas as regras sanitárias.

O escritor italiano Umberto Eco publicou, em 1995, na New York Review of Books, um ensaio intitulado Ur-Fascism, adaptado de um discurso que proferiu na Universidade de Columbia. Ele alertava como os regimes políticos podem se transformar em governos fascistas, déspotas e fanáticos.

Eu retomo apenas 4 itens dos 14 descritos pelo escritor para que os leitores(as) possam por si mesmo analisar o avanço do fascismo no Brasil.

 

1. A primeira característica do fascismo eterno é o culto à tradição.

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2. O fascismo nutre o culto da ação pela ação. Pensar é uma forma de castração.

Consequentemente, a cultura é suspeita por ser sinônimo de pensamento crítico.

 Os pensadores oficiais fascistas dedicaram grande quantidade de energia para atacar a cultura moderna e a intelectualidade liberal por trair esses valores tradicionais.

 

3. O fascismo não suporta críticas analíticas.

A mente crítica faz distinções, e isso é um sinal de modernidade. Na cultura moderna, é no desacordo que a comunidade científica fundamenta o progresso do conhecimento.

Para o fascismo eterno, discordar é traição. 

 

4. O fascismo explora a frustração individual ou social.

É por isso que um dos critérios mais típicos do fascismo histórico tem sido a mobilização de uma classe média frustrada, uma classe que sofre com a crise econômica ou com um sentimento de humilhação política, ela fica assustada com as pressões que podem exercer os grupos sociais inferiores.

O Brasil hoje é a terra fértil para eternizar o fascismo. Infelizmente, o passado escravocrata impregnou na sociedade brasileira de valores autoritários, onde a violência, o racismo, o ódio, todas as formas de preconceitos foram banalizados.  

Para negar esta realidade e dar aparência de normalidade, os herdeiros da Casa Grande construíram no imaginário popular que o Brasil convivia com uma democracia racial e que existia uma marca de cordialidade no povo brasileiro. Fomentar qualquer tipo de discussão contrária a esses valores gerava e gera sempre muitas polêmicas.

Observa-se que durante os dois mandatos de Lula e o primeiro mandato de Dilma Rousseff houve uma governabilidade com inclusão social e uma tentativa de introduzir estas questões na pauta de educação nacional.

Abriu-se um campo de discussões sobre esses mitos fundadores no seio da sociedade brasileira.  Lembro da polêmica quando as cotas foram criadas, assim como as reservas indígenas!

Se apropriar da história social e reescrevê-la foi sempre um desafio para os nossos historiadores, antropólogos e sociólogos que trataram de aprofundar os estudos sobre a sociedade brasileira, sobre sua concepção patriarcal e suas práticas patrimoniais, aqueles que detêm as funções públicas não reconhecem a marca divisória entre os desígnios do público e do privado. 

Infelizmente, este ciclo de questionamentos e mudanças no avanço do desenvolvimento da sociedade brasileira isento das rédeas do patriarcalismo foi interrompido.

As políticas inclusivas de direitos sofreram regressões e foram extintas pelo atual governo de Bolsonaro, aliás já iniciado pelo governo de Temer. A maldita herança escravocrata que germinou o autoritarismo societal e um estado patrimonial volta a ser regenerada.  

Hoje todas essas práticas que haviam sido atenuadas na fase de democratização com avanços na área de educação e inclusão social, voltam a ser praticadas com respaldo institucional.

Todavia, Bolsonaro não é o único representante do fascismo tosco! Grande parte de seu eleitorado são adeptos do negacionismo e das práticas de exclusão social. 

Esses fascistas apenas estavam escondidos nos armários depois do período de democratização. Eles saíram às ruas para a preparação do golpe contra a Presidenta honesta que foi torturada com o conhecimento do sádico torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra do qual Bolsonaro venera. Lembramos que, ao declarar o seu voto no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, Bolsonaro fez uma homenagem à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra   exaltando “o pavor de Dilma Rousseff”.

Esses são os mesmos que incitam o povo a atacar as instituições republicanas, a fechar o congresso, são os mesmos fanáticos que clamam pela oficialização da nova ditadura fascista. 

Nesse sete de setembro no Brasil a questão fundamental que deve alimentar o debate nacional deveria ser: a independência do fascismo ou submissão. A democracia ou morte das instituições. 

Hoje o psicopata presidente rouba os símbolos republicanos do povo brasileiro e busca transformar o dia da comemoração da declaração de independência do Brasil do Império Português, a festa da independência, em um grito de guerra às instituições, ameaçando a democracia com sua manifestação fascista.

O que o fascismo odeia mais do que qualquer outra coisa é a inteligência. Por isso, é urgente conclamar a inteligência brasileira a se manifestar para retirar a ignorância da cimeira do poder. Vamos colocar nossa inteligência a serviço da democracia.

Termino relembrando a grande resistente francesa Lucie Aubrac que, no livro “Resistência explicada aos meus netos”, escreve: “O racismo é a pior praga da humanidade. Ele triunfa quando deixamos o fascismo tomar o poder”.

Non pasaran! Fora Bolsonaro! Viva 7 de Setembro! ”
Marilza De Melo Foucher

Economista e jornalista

 

Imagem Ilustrativa do Post: Brasil // Foto de: Rodnei Reis // Sem alterações

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