Eu ouvia os comentários sobre os grandes jogos de futebol ocorridos no Maracanã com a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, todos os domingos, 20:00. Era minha infância e nesse exato momento, íamos dormir. Eu tinha um rádio cinza em que ficava procurando estações, pois o sono, como até hoje, não vinha em um horário tão temprano.
O rádio se acomodava exatamente entre o vão que ficava entre minha cama e a parede. Ninguém podia ouvi-lo. Somente eu. Era um exercício. Minha casa ficava no planalto médio gaúcho, muito mais longe das capitais do que a Porto Alegre de Gessinger. Descobrir uma estação de rádio com um bom sinal não era exatamente tarefa das mais fáceis, portanto.
Com o mesmo rádio, eu ouvia a Universal de Montevideo. Lembro-me de que era o prefixo da 970. Em um dia de inverno seco e frio, sem nuvens, dava para ouvir muito bem os jogos. Desde aquela época, eu me tornei carbonero. Sonhava com aquelas batalhas que os uruguaios contavam. E que coisa incrível! Não é que o Rubén Paz veio jogar no Inter? Era acontecimento demais para um interiorano como eu.
O futebol é minha primeira lembrança afetiva com o rádio, e o costume de procurar ondas AM ou FM sempre me acompanhou, aonde quer que eu fosse. Melhorou ainda mais, quando, em algum momento dos anos oitenta, eu comecei a sintonizar a Rádio Ipanema, de Porto Alegre. Rock and roll! E, veja só, eu ainda tinha a empáfia de, às vezes, ouvir a Kiss FM, de São Paulo.
Tive rádio pirata na minha adolescência junto com um amigo cruz-altense, o João Maurício. Meu pai nunca soube. A montagem dela foi uma epopeia, com muita peça vindo de Ciudad del Este. O Germano pai pensava que estávamos jogando Odissey ou algo que o valha, enquanto, na verdade, estávamos tocando um lado inteiro do In a Gadda da Vida, andando pelas ruas de Cruz Alta para ouvi-lo. E só para esclarecer: durante a ditadura.....
O Sala de Redação é um clássico. Ouço-o até o hoje. Ouço rádio até hoje. Com a Internet, então, sinto-me em casa, em qualquer lugar do mundo. O fato é que bater um papo e falar de música é dos passatempos de que mais gosto. Recordo-me de, quando saía um disco novo e eu e meus amigos nos reuníamos para debatermos sua qualidade, sua capa, suas músicas.... O prazer da boa conversa.
Como a vida tem sido boa demais comigo, consegui juntar alguma das minhas paixões: rádio, rock e Direito. É isso aí, a Direito & Rock agora é transmitida por rádio. Uma conversa entre eu e colegas do Direito tendo o rock como pano de fundo, usando, sempre, temas atuais para fazermos as conexões entre esses dois mundos, aparentemente tão distintos.
O programa vai ao ar semanalmente na webrádio da UniRitter , em horários típicos do rock, aos sábados, às 11h, e às segundas-feiras, às 22h. Além disso, pode ser acessado, em qualquer momento, como podcast, no Soundcloud. Curta, compartilhe, dê dicas, sugira temas, enfim, participe.
We hear Radio Wawes...
Roger Waters
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