QUEM ESCOLHE POR VOCÊ?

12/02/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Há dores sobre as quais ninguém fala

E se ousassem falar, talvez, toda magia acabaria

Ou apenas deixariam de romantizá-la

E, então, todas nós, mães, poderíamos enfim desabar

Discutir sobre aquilo que não se pode jamais falar

 

Há medos que ninguém ousa pronunciar

Pois a sociedade não está pronta para ouvir

E se tivesse, poderíamos sem medo sentir

Tenho medo de nunca mais me ver

Afinal, no reflexo do espelho eu só vejo o ‘servir’

 

Há angústias que me abraçam

E juntas nós criamos laços e fantasiamos

Espécies de paranoias e surtos que nos destroçam, despedaçam

Isso me faz ver o quanto... nos distanciamos

De tudo

 

Talvez algum dia

Com a coragem daquela que não tem medo de ser

Eu me resgate desse inferno

Que insistem em chamar de ‘florescer’

 

Se a primavera é florir

Gestar é parir

É servir

É quase que...

Não existir

 

Ser escrava daquilo que, da mulher, deve ser o ‘maior sonho’

Mãe,

Como era sua vida antes de eu nascer?

Seria essa uma dor que esquecemos de dizer?

Um luto que ninguém tem peito para falar?

 

Quero me sentir viva

Quero me sentir vista

Quero me sentir parte de mim

Quero àquilo tudo que pertencia a mim

E de mim, e por mim, parece ter sido roubado

 

Meu corpo foi invadido

Minha alma fragilizada

Meu espírito deixado de lado

E tudo que eu era, hoje é só memória do passado

 

Ele me diz, onde está aquela parceira

Que para tudo me dizia sim

Eu olho no espelho da cabeceira

E tento lembrar de...

Mim

 

Muitos aqui não entenderão

As palavras de uma mãe

Que um dia ousou ser

Em uma questão que nunca pode responder

Ou escolher.

 

Imagem Ilustrativa do Post: warm winter light // Foto de: Strolicfurlan // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/strolicfurlan/25118896221

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