Quebra-cabeça em peças desencontradas

30/12/2018

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Fui criança enternecida,

adolescente sonhadora e intransigente,

escultora de jardins suspensos em Babilônia,

busquei conchas no fundo do mar,

guardei poucos segredos, me devassei por inteiro.

 

Prendi a borboleta na alma,

e tranquei suas asas na minha ilusão,

percebi a inutilidade da busca,

mas ao mesmo tempo,

desejei ir ao fundo do poço,

só para subir ao pico mais alto,

encostava as mãos suando frio,

nas nuvens e estrelas, então soluçava,

como gotas de orvalho nos gramados febris.

 

Joguei minha nau em alto mar,

quase segui Sócrates e tomei cicuta,

mas me envenenei ao ouvir duras palavras,

e banhei-me na doçura em licor,

em mel, em fel, enlouqueci.

 

Perto da fonte entre juízo e loucura,

libertei a borboleta dona da alma,

aprisionada, obstinada,

e a deixei mendigar, como libertina,

e vadia, sem valor, pouco valor,

em valor algum, mas aprendeu a voar.

 

Cresci como poeta,

Briguei com meus lados opostos,

mas me fiz uno, universal,

busquei tesouros nos navios naufragados,

e quase me esqueço em mim.

 

Me enriqueci então como ser humano,

humanamente sou feliz,

porém delirei com leitos desarrumados,

nos romances das madrugadas, tão sonhados,

me perdi.....

 

Alucinada substitui a dor por canto de amor,

tentei montar o quebra-cabeça,

e nas peças desencontradas e picotadas,

encontro forças para continuar e caminhar...

 

 

Imagem Ilustrativa do Post: 357/365 // Foto de: Giovanna Faustini // Sem alterações

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