Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Quando nascer mulher e comigo a liberdade,
não serei a Amélia que chora e ignora,
nem serei a Pagu sem juízo que nas incertezas comemora.

Quando nascer mulher e comigo a ousadia,
não serei a Simone de Beauvoir para saber amar,
nem serei a Maria Bonita que do cangaço é rainha.

Quando nascer mulher e comigo a elegância,
não serei a Coco Chanel para de estilos falar,
nem serei a Diana de Gales do povo a princesa.

Quando nascer mulher e comigo o poder,
não serei a Cleópatra herdeira e soberana,

nem tão pouco a Indira Gandhi estrategista.

Quando nascer mulher e comigo o conhecimento,
não serei a Maria Curie para a radioatividade dominar,
nem serei a Hipácia para em Alexandria brilhar.

Quando nascer mulher e comigo a arte,
não serei a Tarsila do Amaral que o traço modernizou,
nem serei a Elsa Soares para no sofrimento cantar.

Quando nascer mulher e comigo a compaixão,
não serei a Zilda Arns Neumann que da morte salva,
nem tão pouco serei a Irmã Dulce que vive para os necessitados.
 
Quando nascer mulher e comigo a coragem,
não serei a Anita Garibaldi para dos dois mundos ser heroína,
nem serei a Maria Quitéria para na guerra da independência liderar.

Quando nascer mulher e comigo a poesia,
não serei a Cora Coralina a poetisa,
nem serei Carolina de Jesus que pela “Folha da Noite” e “Quarto de despejo” se libertou.
Quando nascer mulher e comigo a luta,
não serei a Maria da Penha para a justiça buscar,
nem tão pouco serei a Dandara para no quilombo guerrear.

Quando nascer mulher e comigo a esperança,
não serei a Zuzu Angel para um filho querer enterrar,
nem serei a Leolinda Daltro para pelos índios lutar.

Quando nascer mulher e comigo a sabedoria,
não serei a Nísia Floresta para as mulheres ensinar,
nem serei a Rosa Luxemburg para revolucionar.
Quando nascer mulher e comigo a certeza,
serei a apenas a MULHER que escolhe seu caminho...
a MULHER que vive sua história...
célebre ou anônima...
a MULHER que faz o seu destino...
que sabe ser MULHER!