Por Saíle Bárbara Barreto - 18/10/2015
Estava eu dia desses no Shopping Itaguaçu, quando me deparei com uma cena inusitada. Um pai do lado de fora do banheiro feminino, andando de um lado para o outro, nervosíssimo. Quando ele me viu, foi logo falando:
- Moça, tu vais entrar? - Vou sim. - Podes me fazer um favor? A minha guria entrou sozinha. Ela tem 4 anos e eu estou preocupado. Podes ver se está tudo bem? Tenho medo que ela caia e bata com a cabeça...Entrei. A menininha estava lá, de porta aberta, já fazendo xixi, quase caindo de cima do vaso sanitário!
Eu disse:
- Oi! Tudo bem? Queres ajuda?Ela era bem independente e respondeu:
- Não, tia. Eu consigo sozinha. Olha só!Ela desceu do vaso, deu a descarga, puxou o papel e se limpou. Perguntou para mim se estava bom (se espichou para eu conferir). Achei que estava mais ou menos, mas disse: “Aham, está ótimo! Queres que eu te ajude a colocar a roupa?”
Ela disse que conseguia (e conseguiu mesmo)! A menininha já ia saindo do banheiro, mas tive que interromper:
- Opa! Volta aqui, tens que lavar as mãozinhas...Ela disse que não podia, pois não alcançava a pia. E realmente, mesmo a pia menor é ruim para uma criança de 4 anos. Aí a ergui do chão e ajudei a pequenina a lavar e secar as mãos.
Enquanto eu secava, ela ouviu a voz do pai perguntando lá fora se estava tudo bem e resolveu berrar:
- Pai, fica aí fora! Tu não podes entrar no banheiro das meninas!Achei uma graça. Ela saiu comigo, o pai agradeceu e eu fiquei pensando... realmente isso é um problema. Um pai sozinho com uma filha pequena no shopping. Se o cara ousar entrar com ela no banheiro masculino, capaz até de ser preso. Todo mundo acha estranho. Confesso que eu também achava, até o dia que aconteceu isso.
A gente tem que mudar esse pensamento ou não?

Saíle Bárbara Barreto é advogada em Florianópolis.
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