A festa de Todos os Santos, por mais universal que seja e ainda que nos convide, sobretudo, a nos conhecermos em comunhão com os santos elevados aos altares e aqueles que, sem auréola nem pedestal, gozam do incomparável altar do Céu, é uma magnífica oportunidade para pisar os passos de quem em Salamanca, percorreu o "caminho virgem" que Deus reservou para eles, como dizia León Felipe. Pisar as pegadas para realçar, para que o esquecimento ou o descuido não as apague, e para que conhecendo o seu caminho possamos seguir pacientemente o nosso.
Mulheres Santas, como Teresa de Jesus, Cândida ou Bonifácia, reformaram para dar forma fielmente ao Evangelho e não se encolheram diante dos obstáculos humanos. Neste V centenário do seu nascimento, milhares de fiéis ou buscadores da Verdade farão uma peregrinação ao túmulo de Santa Teresa de Jesus, em Alba de Tormes. A Doutora nos disse "Discernimento, Purificação e Reforma". As de Santa Cândida e Santa Bonifácia, em seus colégios Jesuítas e Servas de São José na capital salmantina, também é possível fazer uma peregrinação de agradecimento a duas grandes lutadoras pela dignidade da mulher.
Homens Santos, como os agostinianos Juan de Sahagún, padroeiro da cidade e da diocese, e Tomás de Villanueva, na Catedral Nova, são seus restos mortais do extinto convento de San Agustín. Eles nos disseram "Paz" e "Caridade". Cofundador da Ordem Trinitária, o túmulo do francês San Juan de Mata também custodiado em Salamanca desde 1966, após uma curiosa sucessão de controvérsias e acordos. "Liberdade", ele nos pediu para os cativos de nosso mundo.
Esta pesquisa justifica-se pela extrema importância do legado e exemplo de vida dos Santos de Salamanca.
Santos que passaram pelas aulas da Universidade de Salamanca para serem educados, como Juan de Ávila, e para instruir, como Toribio de Mogrovejo. Santos que não tiveram uma acolhida muito hospitaleira, como Ignácio de Loyola, ou que cultivaram sua vocação, como Juan de la Cruz ou Simón de Rojas. Que mendigaram e serviram, e se entregaram inteiramente, como Irmã Eusébia, a salesiana de Cantalpino. Que deram a vida confessando sua fé e perdoando seus carrascos, como o reitor Polo Benito e muitos outros bem-aventurados mártires do século XX.
Santa Teresa D'Ávila, também conhecida como Santa Teresa de Jesus que nasceu em Ávila, na Espanha, em 28 de março de 1515 e faleceu em Alba de Tormes, também na Espanha, em 4 de outubro de 1582. Foi uma freira carmelita, mística e santa católica do século XVI, importante por suas obras sobre a vida contemplativa e espiritual.
Pedagoga de excelência no caminho da oração e da espiritualidade é padroeira dos professores por conta da sua maestria em lidar com as pessoas para auxiliá-las no caminho rumo a Deus. No dia 27 de setembro de 1970 o Papa Paulo VI reconheceu-lhe o título de Doutora da Igreja. Sua festa litúrgica é no dia 15 de outubro. Santa Teresa de Ávila é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu.
No dia 31 de maio de 1845, nasceu Juana Josefa Cipitria e Barriola, em Adoain, na Espanha. Seus pais Juan Miguel Cipitria e Maria Jesus Barriola, proporcionaram uma educação cristã à Juana, desde muito criança. Ainda muito jovem Juana deixou sua cidade natal para trabalhar como doméstica para contribuir na renda familiar. No decorrer dos anos, seu coração foi sendo tocado pelas marcas de uma fé profunda.
No dia 2 de abril de 1869, na igreja do Rosarillo em Valladolid na Espanha, diante do altar da Sagrada Família, viu claramente o que Deus queria dela: Fundar uma congregação com o nome de Filhas de Jesus, dedicada à salvação de almas, por meio da educação cristã e instrução de crianças e jovens.
O grande legado à Igreja dessa Santa mística foi à reforma do Carmelo e sua contribuição para a experiência metódica da oração pessoal na busca de uma intimidade maior com Deus. Ela foi à fundadora do primeiro convento das Carmelitas Descalças em Ávila, mas em toda a sua vida fundou 32 (trinta e dois) mosteiros. A Universidade de Salamanca concedeu à Santa de Ávila o título de Doutora Honoris Causa, em 1922. A proclamação foi seguida de expressões populares que fortalecem a legitimidade desse título; entre elas, um grupo de mulheres presenteou a Santa com um barrete de doutora, todo adornado em pedrarias, como pode ser visto no museu do Convento da Encarnação, em Alba de Tormes.
Para Santa Teresa, a amizade com Deus é semelhante à amizade com os homens, de modo que não é possível separar uma da outra. Ser amigo de Deus é viver constantemente em um relacionamento de amor e diálogo, a oração.
Juana Josefa Cipitria e Barriola tornou-se Cândida Maria de Jesus e fundadora da Congregação das Filhas de Jesus. Em Salamanca no dia 8 de dezembro de 1871, Santa Cândida fundou a Congregação das Filhas de Jesus, dedicada a educação cristã das meninas. Após algum tempo, a Congregação se propagou por toda a Espanha.
No dia 3 de outubro de 1911, Santa Cândida enviou seis Filhas de Jesus com destino ao Brasil, tornando realidade seu sonho: Ao fim do mundo iria eu em busca de almas. Santa Cândida foi beatificada em 12 de maio de 1996 pelo Papa João Paulo II, e canonizada no dia 17 de outubro de 2010, pelo Papa Bento XVI.
Bonifácia Rodríguez Castro nasceu em Salamanca no dia 6 de Junho de 1837 numa família de artesãos profundamente cristã, onde aprendeu a caridade, a pobreza e o trabalho manual. Juntamente com o Pe. Francisco Butiñá, S.J., Bonifácia fundou em 1874 a Congregação das Servas de São José. A sua fidelidade ao carisma de fundação, que consistia no cuidado e na formação das jovens abandonadas, levá-la-á a fundar uma nova casa em Zamora, onde passou os últimos 22 anos da sua vida.
Em virtude da sua santidade, carisma e vida entregue aos pobres e às jovens sozinhas, Bonifácia representa um verdadeiro dom à Igreja, que se alegra e dá graças a Deus pela sua Beatificação.
Seguindo o exemplo da carpintaria humilde de Nazaré, Bonifácia conseguia reconciliar o trabalho e a oração, que para ela se tornou uma verdadeira fonte de vida espiritual e de santificação e ainda hoje representa a principal característica da espiritualidade da sua Congregação.
Com efeito, o seu carisma e a sua espiritualidade, profundamente atuais na sua época, continuam a ter o seu pleno vigor também hoje. Num mundo desiludido e desprovido de esperança, Bonifácia ensinou com a sua própria vida a esperar onde parecia não haver mais esperança, e a continuar a lutar mesmo no meio das adversidades.
Como testemunha de Nazaré, Bonifácia mostra-nos que uma vida normal e quotidiana, silenciosa e anônima pode ser repleta de significado, tornando-se assim um lugar de encontro com Deus e com o próximo. A sua vida continua a proclamar em silêncio que o que mais conta não é ter, mas ser, embora este ensinamento nem sempre seja seguido na cultura contemporânea. Além disso, Bonifácia recorda-nos que Nazaré constitui a semente e a expressão daquilo que é autenticamente humano.
Num mundo em que muitas vezes as condições de trabalho são injustas e desumanizam o homem, numa sociedade caracterizada pelo bem-estar e pelo consumismo, são necessárias testemunhas que ajudem a dar novamente ao trabalho do homem o seu significado de criação e de colaboração com a obra de Deus, que enobrece a pessoa. Com o seu estilo de trabalho transcendente e solidário, a nova Beata mostra o autêntico significado do trabalho e, reconciliando o mesmo com a oração, proclama ainda hoje que é possível encontrar Deus no trabalho ordinário e que ele pode tornar-se um lugar onde viver a fraternidade e a solidariedade, e um âmbito onde anunciar a Boa Nova do Evangelho. Ir. Bonifácia Rodríguez Castro regressou à Casa do Pai no dia 8 de agosto de 1900.
São João de Sahagún ou João de São Facundo, nascido Juan Gonzalez de Castrillo Martinez de Sahagun y Cea, (Vila de San Facundo, atual Sahagún, 1419, Salamanca, 11 de Junho de 1479) foi um sacerdote, teólogo, prior de um convento da Ordem de Santo Agostinho, santo da Igreja Católica e padroeiro da cidade de Salamanca e da diocese.
João Gonzalez estudou teologia na Universidade de Salamanca. Como sacerdote tornou-se conhecido por suas posições conciliadoras, tendo-lhe por isso sido atribuído à alcunha de "O Pacificador". Em 1463 sofreu uma grave doença e pediu para ingressar na Ordem dos Agostinianos, sendo aceite em Agosto do ano seguinte. Logo após a sua morte foi aclamado Apóstolo de Salamanca, e começaram as peregrinações ao seu túmulo. Suas relíquias foram trasladadas para a Catedral Nova de Salamanca e algumas delas estiveram na Igreja da Santíssima Trindade, em Sahagún, até á construção da Ermita de San Juan de Sahagún, em 1652.
São Tomás de Vilanova nasceu em Fuenllana (Espanha) no ano de 1488 e criou-se em Villanueva de los Infantes, de onde tomou seu nome ao entrar na Ordem dos Agostinianos. Seus pais, Alonso Tomás Garcia e Lucia Martinez de Castellanos, emulavam nas obras de caridade. Socorriam a toda espécie de necessidades e eram conhecidos na região como os santos esmoleres.
Tomás herdou dos pais essa virtude. Dava a seus coleguinhas mais necessitados tudo o que podia inclusive suas próprias vestes e calçados. Um dia em que os pais não estavam em casa, chegaram seis pobres pedindo esmola. O menino, não encontrando nada para dar-lhes, foi ao galinheiro e pegou seis franguinhos, dando a cada um dos pobres um destes. E disse à mãe que, se houvesse mais um pobre, ter-lhe-ia dado também a galinha.
Por volta de 1501-1502 matriculou-se na Universidade de Alcalá, recém-fundada por Francisco Jiménez de Cisneros, completou sua formação de humanista e gramático, antes de ingressar, em 1505, na Faculdade de Letras, na qual se formou em 1508. Em seguida, ingressou no Colégio Saint-Ildefonse, como bolsista. Assim, ele se tornou um mestre em artes em 1509, depois um conselheiro universitário em 1510 e, finalmente, um bacharelado em teologia.
Para pagar sua bolsa, ele deve dedicar três anos ao serviço de sua faculdade. Nos anos de 1512 a 1516, passou então a lecionar, até ser designado para uma cadeira de filosofia na Universidade de Salamanca. Mas assim que chegou a esta prestigiosa cidade do conhecimento, entrou no mosteiro de Saint-Pierre, nos Eremitas de Santo Agostinho, que nada até então previa.
Seguindo o exemplo da mãe, desde muito cedo começou a jejuar, não só nos dias prescritos pela Igreja, como também em outros de sua devoção. Flagelava-se e fazia outras sortes de penitências como se fosse um adulto. Diz um seu biógrafo que Tomás começou a praticar a mortificação a fim de fazer sentir à sua carne as dores da penitência, mesmo antes que ela fosse suscetível aos prazeres da concupiscência. Seu confessor, o Padre Tiago Montiel, depôs publicamente que ele guardou a inocência batismal até o túmulo.
São Pedro de Alcântara, de nome de batismo Juan de Garabito y Vilela de Sanabria (Alcântara, 1499, Arenas de San Pedro, 18 de outubro de 1562), foi um frade franciscano espanhol que fez grandes reformas na sua ordem religiosa, a Ordem dos Capuchinhos, no Reino de Portugal.
Nasceu no seio de uma família nobre. Estudou direito na Universidade de Salamanca, mas abandonou os estudos e tomou uma vida religiosa em 1515 no Convento de San Francisco de los Majarretes, perto de Valência de Alcântara, onde tomou o nome de frade Pedro de Alcântara. Foi ordenado em 1524, com 25 anos.
Era notável pregador e místico, amigo e confessor de Santa Teresa de Jesus a quem terá ajudado, em 1559, na tarefa de reforma da Ordem dos Carmelitas, a par de São João da Cruz. Escreveu o "Tratado da Oração e Meditação" que terá sido lido por São Francisco de Sales. Foi beatificado em Roma pelo Papa Gregório XV em 18 de Abril, 1622, e canonizado pelo papa Clemente IX 28 de abril de 1669.
João de Ávila (em castelhano: Juan de Ávila) foi um sacerdote, pregador, filósofo escolástico e místico espanhol que foi declarado santo e Doutor da Igreja pela Igreja Católica. Ele é chamado de "Apóstolo da Andaluzia" por seu importante ministério na região. Aos quatorze anos em 1513, foi enviado para a Universidade de Salamanca para estudar direito, mas abandonou o curso em 1517 sem se graduar.
João de Ávila foi declarado venerável pelo papa Clemente XIII em 8 de fevereiro de 1759 e beato por Leão XIII em 15 de novembro de 1893. Em 31 de maio de 1970, foi canonizado pelo papa Paulo VI. Bento XVI proclamou-o Doutor da Igreja em 7 de outubro de 2012 durante a Festa do Santo Rosário. A proclamação de dois novos doutores (a outra foi Santa Hildegarda de Bingen) foi feita pelo papa Bento diante de uma multidão de dezenas de milhares de fieis presentes na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Santo Alonso de Orozco (também conhecido como Alfonso de Orozco ou d'Orozco) nasceu em Oropesa (Toledo), em17 de outubro de 1500, e morreu em Madrid, em 19 de setembro de 1591, é um religioso da ordem de Santo Agostinho, e um autor místico da Idade de Ouro Espanhola.
Aos quatorze anos, seus pais o enviaram para continuar seus estudos na prestigiosa Universidade de Salamanca. Foi nesta cidade que conheceu Thomas de Villeneuve, o futuro santo. Impressionado com a sua pregação (sobre o tema do salmo In exitu Israel de Egito), durante a Quaresma de 1520, e com o clima de espiritualidade em que se banhava o convento de Santo Agostinho, decidiu entrar na comunidade. Sob a direção de Luís de Montoya, mestre de noviços, fez a profissão junto aos Eremitas de Santo Agostinho em 1523, antes de ser ordenado sacerdote em 1527.
Em 1549 embarcou como missionário para o México, mas adoeceu e teve que voltar. Em 1554, sendo prior do convento de Valladolid, Carlos V nomeou-o pregador real e foi para Madrid quando a Corte se mudou para lá em 1561, para o convento de San Felipe el Real. Fundou numerosos conventos, entre os quais o primeiro convento das Recoletas de Santa Isabel em 1589. Quando morreu, em 1591, gozava de fama de grande santidade, e Lope de Vega e Francisco de Quevedo, assim como nobres importantes, testemunharam em seu processo de beatificação. Foi beatificado pelo Papa Leão XIII em 15 de janeiro de 1882 e canonizado por João Paulo II em 19 de maio de 2002.
São João de Ribera (em castelhano: San Juan de Ribera) foi um Arcebispo católico de Valência, na Espanha. Foi beatificado em 1796 pelo Papa Pio VI e declarado santo por João XXIII em 12 de junho de 1960.
Nasceu em Sevilha, de família cristã e ascendência nobre, seu pai Afán de Ribera, era Vice-rei de Nápoles. Tornou-se órfão de mãe ainda criança, crescendo sem o amor materno. Com religiosidade forte desde criança, foi estudar Direito Canônico, ciências humanas e arte na Universidade de Salamanca. Quando tinha 30 anos, o Papa Pio IV nomeou-o Bispo de Badajoz. Ali se dedicou com toda sua força ao ensino, e lutou contra os movimentos protestantes.
Foi nomeado Arcebispo de Valência. O Rei espanhol o nomeou Vice-rei de Valência e assim chegou a ser chefe religioso e chefe civil, ao mesmo tempo. Utilizou sua posição e influência para ser um dos principais impulsores da expulsão dos mouriscos em 1609.
Criou e fundou o Real Colégio de Corpus Christi, conhecido entre os valencianos com o nome de Patriarca. Tinha como principal missão a formação de sacerdotes segundo as disposições do Concílio de Trento, tornando-se assim um exemplo de Contra Reforma Protestante em Valência. As virtudes de São João o fizeram uma das figuras mais influentes daquele período, chegando a ostentar os títulos de Arcebispo de Valência, Patriarca latino de Antioquia, Vice-Rei, capitão geral, presidente da Assembleia e chanceler da Universidade. São Pio V, o promotor da Contra Reforma, o chamou de Lumen totius Hispaniae (Luz de toda a Espanha).
Próximo da morte foi lhe dados os sacramentos conforme pede a Igreja Católica, e trouxeram-lhe o Santo Viático. Quando São João viu o Viático, jogou-se da cama e realizou uma ardente profissão de Fé Católica.
Escreveu numerosas obras, entre as quais se destaca o Manuale valentinum (1592). São João de Ribera escreveu um "Catecismo para Mouros Recém-convertidos" onde faz uma grande apologética contra os ensinamentos do islamismo em defesa da Fé Católica.
Toríbio de Mongrovejo ou Turíbio de Mongrovejo (Mayorga, Valladolid, 18 de novembro de 1538, Saña, Peru, 1606) foi um prelado da Igreja Católica espanhol, arcebispo de Lima, hoje venerado como santo.
Estudou Direito nas Universidades de Coimbra e Salamanca. O rei Felipe II o nomeou juiz supremo do Tribunal da Santa Inquisição em Granada, no sul da Espanha.
A sua obra de evangelização deu frutos inesperados com milhares de índios que chegaram à fé, tendo encontrado Cristo na caridade do Bispo. Foi ele a conferir o sacramento da Confirmação a dois santos daquela Igreja: Martinho de Porres e Rosa de Lima. Em 1983, São João Paulo II proclamou-o patrono do Episcopado latino-americano. Assim, é sob a proteção deste grande catequista que se coloca também o novo Diretório para a Catequese.
João da Cruz, O.C.D. (em castelhano: Juan de la Cruz) foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como santo pelos católicos. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, foi um dos mais importantes expoentes da Contrarreforma.
Grande reformador da Ordem Carmelita é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços. João também é conhecido por suas obras literárias e tanto sua poesia quanto suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o ápice da literatura mística e se destacam entre as grandes obras da literatura espanhola.
No ano de 1564 professou seus votos como carmelita e viajou para Salamanca, onde estudou teologia e filosofia na prestigiosa Universidade de Salamanca (na época, uma das quatro grandes da Europa, juntamente com Paris, Oxford e Bolonha) e no Colegio de San Andrés. A estadia teria poderosa influência sobre suas obras posteriores, pois lecionava ali Frei Luis de León (estudos bíblicos: exegese, hebraico e aramaico), um dos mais destacados estudiosos em seu campo e o autor de uma controversa tradução do Cântico dos Cânticos para o espanhol (na época, traduções da Bíblia para outras línguas eram proibidas na Espanha).
Os esforços para beatificar João começaram com a coleta das informações sobre sua vida entre 1614 e 1616 e ele foi beatificado em 1675 por Clemente X. Em 1726, ele foi canonizado pelo papa Bento XIII. Quando sua festa foi adicionada ao Calendário Geral Romano, em 1738, o dia escolhido foi 24 de novembro por que a data de sua morte estava impedida por conta da então existente da oitava da Festa da Imaculada Conceição. Este obstáculo foi removido em 1955 e, em 1969, Paulo VI mudou a data para o "dies natalis" ("nascimento no céu") do santo, 14 de dezembro. A Igreja da Inglaterra comemora João como "Professor da Fé" na mesma data. Em 1926, ele foi declarado Doutor da Igreja pelo papa Pio XI depois de uma opinião definitiva dada por Reginald Garrigou-Lagrange O.P., professor de filosofia e teologia da Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino em Roma e João passou a ser conhecido também como "Doctor Mysticus".
Simão de Rojas (Valladolid, 28 de outubro de 1552, Madri, 29 de setembro de 1624) foi um sacerdote católico espanhol da Ordem da Santíssima Trindade, fundador da Congregação dos Escravos do Docíssimo Nome de Maria e santo da Igreja católica.
Estudou filosofia e teologia na universidade de Salamanca. Foi ordenado sacerdote em 1577 e destinado ao convento de Toledo. Aqui, ensinou filosofia e teologia de 1581 a 1587 e entre seus alunos, estava João Batista Rico, que se tornaria reformador da Ordem Trinitária. Desde 1579 exerceu o ofício de ministro conventual nos diferentes conventos de sua província; foi também visitador apostólico e ministro provincial. Foi requisitado pelo rei Filipe II a Madri, onde viveu desde 1600. Tornou-se preceptor dos Infantes de Espanha e confessor da rainha Isabel de Bourbon.
Simão de Rojas estava convencido que para serem todos de Deus como Maria, era preciso tornar-se seus escravos, por isso instituiu em 1612 a Congregação dos Escravos do Docíssimo Nome de Maria. Faleceu no dia 29 de setembro de 1624 em Madri.
Impressionado pela veneração unânime que tributavam ao Simão de Rojas, o Núncio do Papa, alguns dias depois de sua morte, mandou que se iniciassem os processos preliminares à sua beatificação. O Papa Clemente XII, em 25 de março de 1735 reconheceu a heroicidade de suas virtudes; o Papa Clemente XIII o beatificou em 19 de maio de 1766. Enfim, no dia 3 de julho de 1988, o Papa João Paulo II inscreve no rol dos santos este grande servo de Maria e pai dos pobres. Sua festa se celebra em 28 de setembro.
Miguel de Sanctis (em catalão: Miquel dels Sants; 29 de setembro de 1591, 10 de abril de 1625), chamado também de Miguel dos Santos, foi um padre trinitarista descalço de Vic, na Catalunha.
Nascido Miguel Argemiro, aos doze foi para Barcelona e pediu para ser recebido no mosteiro trinitário local. Depois de um noviciado de três anos, fez seus votos no Mosteiro de São Lamberto, em Saragoça, em 1607. Depois de encontrar um trinitarista descalço um dia, sentiu-se atraído pelo estilo de vida mais austero da congregação e, depois de muita deliberação e da permissão de seu superior, entrou para a congregação dos trinitaristas descalços em Madrid como noviço. Fez seus estudos em Sevilha e na Universidade de Salamanca, onde recebeu a ordenação sacerdotal. Em seguida, fez seus votos em Alcalá, tornando-se padre, e foi duas vezes eleito superior do mosteiro de Valladolid, onde morreu.
Miguel de Sanctis levou uma vida de oração e mortificação. Era muito devoto da Santíssima Eucaristia e, diz-se, passava por êxtases diversas vezes durante a consagração. Foi beatificado pelo papa Pio VI em 24 de maio de 1779 e canonizado pelo papa Pio IX em 8 de junho de 1862. Sua festa litúrgica é celebrada em 10 de abril. O município de Saint-Michel-des-Saints, no Quebec, foi batizado em sua homenagem.
Juan de Palafox y Mendoza (Fitero, 24 de junho de 1600, Burgo de Osma, 1 de outubro de 1659) foi um prelado espanhol da Igreja Católica, que atuou como Vice-Rei da Nova Espanha. Foi beatificado por Bento XVI em 5 de junho de 2011.
Nascido em Fitero, em Navarra, Palafox y Mendoza era o filho natural de Jaime de Palafox Rebolledo y Proxita de Perellós, 2.º marquês de Ariza. Ele foi adotado por uma família de moleiros que lhe deram o nome "Juan", criando-o pelos próximos dez anos. Na sequência, o pai o reconheceu e o levou com ele para educá-lo na Universidade de Alcalá e na Universidade de Salamanca. Em 1626, foi delegado da nobreza nas Cortes de Monzón, e logo depois procurador do Conselho de Guerras e das Índias. Foi ordenado sacerdote, tornando-se capelão de Maria da Áustria, irmã do rei Filipe IV de Espanha, em abril de 1629, pelo bispo de Plasencia, Dom Francisco Hurtado de Mendoza y Ribera. Ele a acompanhou em muitas viagens pela Europa.
Dentre vasta obra cultural, escreveu alguns livros, como "Libro de las virtudes del indio" de 1653, "Poesías espirituales:antología, "Luz a los vivos y escarmiento en los muertos" e a autobiografia "Vida interior del señor don Juan de Palafox y Mendoza, obispo antes de la Puebla de los Angeles: la qual vida el mismo señor Obispo dexó escrita".
Marie-Joseph Lagrange (Bourg-en-Bresse, 7 de março de 1855, Marselha, 10 de março de 1938) foi um teólogo francês. No que diz respeito ao catolicismo, os Lagrange sentiam-se mais próximos de Montalembert que de Veuillot, o jornalista agitador do ultramontismo e do anti-dreyfusismo. O catolicismo liberal era europeu, pelo menos francês-belga.
Em 1877, o jovem Lagrange em virtude de uma conversão pessoal, solicita a sua entrada na Ordem Dominicana, vocação que não foi contrariada pelo seu pai que pensava precisamente que a Igreja tinha mais necessidade de um jurista nos tempos que corriam do que de um padre, no que não deixava de ter uma certa razão.
Passou um ano em Issy-les-Moulineaux junto dos padres do Santo Sepulcro onde se apaixona por Tomás de Aquino. Naquela época, o tomismo está em plena renovação e Lagrange apoiará a criação da Revue Thomiste do seu amigo Sertillanges (em 1891) para limpar o tomismo das mãos do integralismo. Passou um ano na Universidade de Salamanca onde aprendeu hebreu e posteriormente três anos num convento austríaco e na Universidade de Viena onde estudou as bases da filologia, árabe, egípcio e hiérogligrafia. O meio intelectual vienense transformou-o num verdadeiro aprendiz do hebreu, de outras línguas orientais e clássicas, exegese, alemão, exegese rabínica e Mishna. Obteve também a amizade do superior do convento, Fr. Andreas Früwirth, que será duradoura e preciosa quando este se tornar mais tarde Mestre Geral da Ordem.
O padre Juan González Arintero (1860-1928), um frade dominicano de Salamanca, na Espanha, é conhecido, sobretudo como restaurador da mística tradicional, com seu grande livro intitulado La Evolución Mística (Salamanca 1908).
O padre Arintero nasceu em Lugueros, um pequeno povoado nas montanhas de Léon (Espanha), em 24 de junho de 1860. As pessoas das montanhas leonesas, dedicadas à agricultura e a colheita, é indômita, tenaz, austera, prudente, enérgica, sóbria e muito religiosa. O clima é duro. Arintero, depois de três anos passados na preceptoria de Boñar, chegou com 15 anos no Convento dos Frades Dominicanos de Corias (Asturias), em 14 de julho de 1875; nesse convento foi restabelecida a vida dominicana, depois da exclaustração dos religiosos espanhóis de 1834, no mesmo dia do nascimento de Arintero.
Em 1898, o padre Arintero foi destinado a Salamanca como professor de Apologética e depois, também, de Eclesiologia (os lugares teológicos de então); no convento de Santo Estevão já não residiam os frades dominicanos franceses, regressados à França em 1886, senão, um grupo numeroso de estudantes dominicanos teólogos desde 1892. Esse novo trabalho teológico lhe permitiu a entrada no mundo da teologia.
Em 1902 encontramos Arintero de novo em Salamanca como professor de Apologética e Propedêutica, e, depois, de Sagrada Escritura. Na primavera de 1904, viajou à Itália para assistir ao capítulo geral de Viterbo, no convento da Virgem de la Quercia, como sócio do definidor, onde foi eleito Mestre Geral da Ordem o P. Jacinto Cormier, a quem havia conhecido em Salamanca.
Em 1908, o Arintero não somente foi honrado com o título de Mestre em Sagrada Teologia, senão também foi impresso o terceiro volume de sua obra mestra El Desenvolvimiento y Vitalidad de la Iglesia, La Evolución Mística, em cujas páginas mostra o desenvolvimento da expansão prodigiosa da divina graça nas almas.
José Polo Benito (Salamanca, 27 de janeiro de 1879, Toledo, 22 de agosto de 1936) foi um clérigo e escritor espanhol, decano das catedrais de Plasencia e Toledo, presidente e diretor da caixa e Monte de Piedad de Plasencia, promotor da viagem de Afonso XIII a Hurdes em 1922.
Foi ordenado sacerdote em 1904. Iniciou a sua atividade como pároco em Sancti Spíritus (Salamanca). Em 1905 foi nomeado professor da Universidade de Salamanca e capelão das freiras franciscanas da cidade. Em 1907 foi nomeado secretário da câmara do Bispado e em 1908, cônego e examinador sinodal. Em 1911 veio para Plasencia como professor-escola da catedral. Em 1912 foi nomeado secretário do governo eclesiástico por vacância da sé em 1913 e em 1918 decano da catedral. Durante sua estada em Plasencia dirigiu a revista Las Hurdes, organizou o Congresso Nacional Hurdanophile realizado na cidade e fundou o jornal Regional (1907-1914). Da mesma forma, participou do Congresso Eucarístico Internacional de Viena, do Congresso Social das Associações do Norte realizado em Plasencia; na Assembleia da Boa Imprensa, em Saragoça, e no Congresso da Segurança Social de Barcelona. Em 19 de janeiro de 1905, visitou o túmulo do poeta Gabriel y Galán em Guijo de Granadilla (Cáceres). Senta-se ao lado de sua lápide, tira um caderno e escreve estes versos: E pelas paredes amarronzadas/ percebo os ecos fracos/ do solene canto fúnebre/ que, isócrono e lento, / enche os olhos de lágrimas/ vai encheu o templo de sombra.
Foi assassinado durante a Guerra Civil Espanhola no Portão de Cambron de Toledo em 24 de agosto de 1936, aos 57 anos, e beatificado pelo Papa Bento XVI em 10/28/2007 em Roma. Seu corpo incorrupto está na capela dos Mártires da catedral de Toledo.
O legado não é apenas no campo religioso, espiritual, mas no campo cultural, do conhecimento, do testemunho e exemplo de vidas destes Santos que em algum momento passaram por Salamanca, pela primeira universidade de língua espanhola do mundo (Universidade de Salamanca) e deixaram os seus exemplos para a humanidade.
Cada um ao seu tempo e com a sua história contribuiu, e tamanha a importância que a Igreja Católica reconheceu e os santificou pelos feitos e milagres comprovados ao longo de anos, Salamanca não apenas difundiu muito conhecimento foi caminho para figuras de grande projeção que por ali passaram e estudaram, lecionaram e contribuíram com um grande legado.
Notas e Referências
Mario Méndez Bejarano (1857-1931). Historia de la filosofía en España hasta el siglo XX, [1927] Biblioteca Filosofía en español, Oviedo 2000.
PLANS, Juan Belda. La Escuela de Salamanca: y la renovación de la teología em el siglo XVI. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 2000.
PROCESOS de Beatificación y Canonización de la Madre Teresa de Jesús: Edición del Quinto Centenario. Burgos: Monte Carmelo, 2015. 4 Tomos. [BMC 35, 36, 37, 38. Editados e anotados por Julen Urkiza]
PROCESOS de Beatificación y Canonización de Sta. Teresa de Jesús. Burgos: Monte Carmelo, 1935. 3 Tomos. [BMC 18, 19 e 20. Editados e anotados por Silvério de Santa Teresa]
PROCESOS para la beatificación de la madre Teresa de Jesús: edición crítica. Vols. I e II. Ávila: Institución Gran Duque de Alba/Caja de Ahorros de Ávila, 2008. [FHA 75 e 76. Editados e anotados por Tomás Sobrino Chomón]
Santa Teresa de Jesús. Libro de la Vida. In: Obras Completas de Santa Teresa, Madrid, Biblioteca de Autores Cristianos, 1979.
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