Defender não é tarefa fácil em nenhuma circunstância. Pode ser o goleiro de um time de futebol ou o defensor de um réu em um processo criminal. A defesa é aquele jogador que só tem verdadeiro destaque quando falha, cabendo-lhe, em regra, simplesmente exercer sua função, sem qualquer reconhecimento.
Defender é tão difícil que, em um jogo de futebol, é permitido até usar as mãos. Poder-se-ia comparar essa tentativa de equilibrar o jogo à ampla defesa no processo penal. Lamentavelmente, na prática, a história é outra.
Há juízes com tanta ânsia de “solucionar os problemas da humanidade” que fazem as vezes de acusação. É como se o árbitro também passasse a chutar a gol e, ainda assim, apitasse a validade da jogada.
Permite-se, em nome de uma (pseudo)justiça, mais à acusação do que à defesa. É como se, quando a acusação atacasse, passasse a haver duas bolas em jogo.
A presunção de inocência, que deveria ser a regra, também anda fora de moda. Basta afirmar que alguém praticou algo para lhe onerar com a necessidade de provar o contrário. É como se a defesa precisasse segurar um pênalti com os pés, no melhor estilo René Higuita, enquanto à acusação bastasse chutar a gol nessas mesmas circunstâncias.
É... não é fácil defender... a tal ampla defesa anda bem mirradinha e cada vez mais tolhida. Mas a graça está em não desistir do jogo. Em exigir justiça do árbitro e recorrer à CBF quando for preciso. Acima de tudo, a beleza do jogo está em conseguir pegar um pênalti aos 45 minutos do segundo tempo, mesmo sem poder usar as mãos, e ver a torcida vibrando. Ver um cidadão ter seus direitos respeitados, uma família reconstituída, sorrisos nos rostos das pessoas... ver a justiça efetivada.
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