ONTOLOGIA

14/08/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

No princípio havia o Belo. Do Belo surgiu o Ser. No mesmo instante este olhou a sua volta e viu toda a Beleza que lhe cercava. O Ser sentiu então uma imensa satisfação em existir. Assim surgiu a Felicidade. Ficou então o Ser a contemplar tudo a sua volta. Mas o ele logo sentiu fome. A esta fome, chamou-a Consciência. O Ser então passou a devorar a Beleza a sua volta, para satisfazer a Consciência. Mas esta, quanto mais se alimentava, mais crescia. A Beleza, contudo era de uma tal imensidão – infinita – que não coube dentro da Consciência. Esta inchou, inchou, inchou até que explodiu. Na explosão, a Consciência partiu-se em um milhão de pedaços. E cada pedaço partiu-se mais um milhão de vezes. E o Ser, que foi o primeiro ser, logo percebeu que sua Consciência jamais pararia novamente de se partir, pois cada fração minúscula dela tentava devorar uma porção infinita de Beleza, partindo-se novamente. A isso chamou-se Caos. E o Caos começou a tomar conta do Ser. Este, contudo, começou a crescer e crescer para não se deixar tomar totalmente pelo Caos. A essa batalha do Caos pelo domínio do Ser chamou-se Tempo.


Com o passar do Tempo a Consciência partiu-se mais e mais, e logo seus pedaços começaram a esfriar. Então o Caos, entediado por nunca conseguir dominar o Ser por completo, pois quanto mais rápido o primeiro se espalhava, com a mesma rapidez o segundo se expandia, resolveu juntar os pedaços perdidos de Consciência que foi achando em seu caminho. Assim o Caos criou as estrelas, e do que sobrou das estrelas fez todo o resto. Dos pedaços que eram muito pequenos e logo se esfriaram, originaram-se os planetas. Como pedaços de Consciência que eram, sempre traziam consigo também a Beleza infinita.. Mas a Consciência passou a tentar juntar seus pedaços novamente e por isso os corpos no espaço sempre ficam girando uns em volta dos outros, na esperança de voltarem um dia a ser um só.


O Ser, contudo, também entediou-se de sua eterna fuga e pensou em um jeito de combater o Caos. Então bolou um plano e a isto deu o nome de Ordem. Para fazer a Ordem, pegou um pedaço de Consciência que já estava frio o suficiente e transformou-o em semente. Fez várias. Dentro de cada semente colocou uma fração infinita de si mesmo e espalhou por incontáveis planetas, em todos os lugares. Desta forma cada semente deu origem a um novo ser; e cada ser pôde dar origem a uma nova semente que deu origem a mais seres, indefinidamente.


O Caos então percebendo o plano do Ser, tentou impedi-lo. Começou a sabotar as sementes, para que os novos seres não se lembrassem ao nascer da missão que lhes fora dada. Assim a intervenção do Caos criou ao longo das gerações uma infinidade de criaturas, das mais variadas formas, cores e habilidades.


A tudo isso: seres, planetas, estrelas – e tudo mais, chamou-se Universo. E o Universo então tornou-se o próprio Ser. E a todos esses pedaços de Consciência que se espalharam por aí chamou-se Energia. E a toda Beleza sempre perseguida pela Consciência, chamou-se Matéria. E à semente criada pelo Ser, feita de Beleza e Consciência, chamou-se Vida. A Vida então questionou-se sobre quem era e de onde veio. E desta tentativa do Universo de compreender a si mesmo chamou-se Humanidade.

 

 

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