ODISSEIA HUMANA  

24/01/2021

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

O sonho da bonança tem um valor no embodeiro para além da moeda, da pecúnia, do tempo, dos excessos, do narcísico. Desta anterior encarnação foste leitor ninfa de Delfos, na Grécia, numa cosmovisão da Justiça com venda, fechava ela e tu os olhos para não seres cegos no cordão a puxar os poucos passos de prisão tão mundanal.

Foi a Justiça despida da visão na nuvem de Thánatos, em precioso papiro da documentação secreta que o tempo ao silêncio condenou a embriagues do vinho oh Porto.

A vislumbrar entre a neblina das nuvens Atenas, feito oásis no deserto.

Em perspectiva holística cultural e humana essencial... indo ao fundo das coisas nas mudanças históricas e alterações profundas. Pelo oráculo deslumbrava a milpe condição humana. Na objetividade empírica da Renascença "o velho" na tela do realismo representado pela cegueira, diferentes eram os problemas oculares, trazia fragmentado o conhecimento. Mantendo a cabeça altiva para desenvolver melhor percepção do equilíbrio de outros sentidos sensoriais, cinco homens e tu iluminavam a profecia.

Para melhor dizer o que tenho a dizer certamente que será oportuno ouvir falar dos cegos, para olhar com prudência para frente e caminhar com um pé ao outro na pergunta introspectiva de como aquilo que agora existe se tornou o que é…

Uma Atenas devastada pela epidemia, antes de Cristo, igualmente vulcanizava acelerada decadência da pólis em longos anos que se sucederam ao cabo do subsequente processo de Sócrates, a testemunhar o perigoso devaneio que o néscio faz ao saber e que o mal faz correr a virtude, está última por sua vez resgatada pela terminologia no cosmos da filosofia das escolhas de Sophia. É imensa a compaixão que veste Tomás de Aquino pelas mãos da Cátedra na original fusão da integridade no espírito das leis, sagradas e profanas desta humana natureza viva.

Em uma sociedade em declínio no momento inicial da tradição filosófica ocidental desnuda a situação inexperimentada onde tudo são perguntas e medos...Submerge então a contrariedade ateniense a tudo, tanto faz sagrado ou profano, nada lhes podia por freios em suas condições humanas de situações limites. Na caverna subjulgativa a todos nos apresenta o acesso à liberdade, a serenidade, a generosidade, a gratidão, a abertura ao outro em cegos fragmentos simbólicos de autêntica tradição reequacionadora dos problemas, para discernir o que nos move originariamente, afim de idealizar uma nova linguagem pública do homem novo, no sobre-humano esforço a calcular os passos, que com redobrado alento avança mais um passo, exatamente como faria o homem velho já outro.

Transgride tu a Justiça! Na tensão de Eros por Thánatos e de Thánatos por um Eros – que já não se volta sobre si mesmo - em pulsão de morte se reverbera também como pulsão de vida, na altiva postura dos homens em sua condição humana multissensorial da consciência natural da alma.

Este homem no interior da personalidade, representado por seus símbolos e o sagrado feminino, no fértil terreno da Justiça... no cordão de cegos, em que perpendicular ao "pater iuris" gera nos pólos magnéticos dos corpos: frutos, desejos e sonhos, o desvelo de seu pleno movimento, seus limites na fratura que leva a um superar e redimir a condição humana.

Num ápice de consciência, em tempos de interioridade, tê-la e não tê-la a justa venda faz simplesmente tudo belo ou o erro de Atenas, pois, é o imaginário e a imaginação a forma de se possuir o que não se possui, a possibilidade da mente, na expansão da própria vida em seus princípios e regras. Telemática pólis de cidadãos governantes és fadado o século XXI ao homem novo "homo digitalis".

No balanço dum mundo observado no terceiro olho introspectivo que por vezes se permite sentir os medos que aprisionam na pele como quem veste uma natureza humana e inquieta por dentro a alma. Neste voar fora da asa que o cego na caverna projetada no ímpeto intento vai entendendo este portento.

Tendo bem claro no coração e na cabeça o mapa da situação (por esperança ou medo ou desejo)... de si mesmo e também do outro no registro histórico e pessoal da experiência humana. Estrangeiro leitor na tertúlia de muito mundo conhecer dos livros, pouco mais.

Como quem o acordo de um sonho no despertar apaixonado pela existência das raízes da rosa mística todo ano na chegada do outono descansa nas asas que voa ao céu e floresce na primavera além de Praga, a espera do olhar a lhe despir a alma com delicadeza de carícias plenas.

Rompi tu leitor o prazer da poética de degustar e saborear as palavras e o cheiro das páginas (nas asas) vestidas apenas com o invisível aos olhos, no provérbio constitucional de suas cláusulas pétreas. A Justiça entre os cegos têm lá a liberdade no exato momento em que a ti começa e termina a própria, com pena de ser ação sem consequência. Em planta de projeção Baobás sonhemos em Atenas, pois, os limites só existem a quem deixou de sonhar.

 

Imagem Ilustrativa do Post: person walking // Foto de: Photo by Tegan Mierle on Unsplash // Sem alterações

Disponível em: person walking in the center of the road photo – Free Human Image on Unsplash

Licença de uso: License | Unsplash

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

Sugestões de leitura