O SOM DA ESCURIDÃO

31/05/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Tarde da noite acordo de repente

No quarto escuro me encontrei com ela

Sem ser preciso luz, lanterna ou vela

Reconheci seu vulto em minha frente

 

Olá escuridão, tão velha amiga

Falar contigo é bom, pois novamente

Regando os versos lembro da semente

Que em mim plantastes noutra noite antiga

 

Pensando agora lembro algum detalhe

Do som suave que o silêncio dá

Se não me engano e a mente não me falhe

Visão sinistra... igual, outra não há!

 

Nessa visão eu caminhei sozinho

Paralepípedos ladrilhava a rua

E os fios prata descendo da lua

Iluminavam parte do caminho

 

Apunhalado pela tez sombria

Em meio ao breu um flash fez açoite

Cortando o som que dividiu a noite

Quando o silêncio se compreendia

 

Em meio ao flash que se fez cortar

Eu vi na luz uma grande multidão

Falando frases sem conversação

Ouvindo todos sem nada escutar

 

E essas pessoas escreviam versos

As vezes graves outras vezes leve

Canções e letras que ninguém se atreve

E perturbavam o som dos universos

 

Gritei - Seus tolos! Ouçam o que vos digo

Vocês não sabem que o silêncio cresce?

E feito um câncer acorda ou adormece

Se me escutarem salvem-se comigo-

 

Porém notei que eu não tinha voz

Mesmo gritando não saía o som

E a voz calada se igualou ao tom

Feito o silêncio que habita em nós

 

Analisei melhor cada expressão

Estarrecido quase boquiaberto

Tentei de tudo pra fazer o certo

Mas o silêncio trouxe a depressão

 

Notei então sorrisos aos milhares

Faces sublimes (todas mascaradas)

E as olheiras quase disfarçadas

Se maquiavam em milhões de pares

 

E a multidão curvada orava ao léu

Ao Deus do flash que cortou o céu

Vi uma placa com dizer profundo:

 

Ainda existem muitas esperanças

Educa a ti, mas cuida das crianças

Cuidando delas mudarás o mundo.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Luz e Escuridão // Foto de:  // Sem alterações

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