Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Tarde da noite acordo de repente
No quarto escuro me encontrei com ela
Sem ser preciso luz, lanterna ou vela
Reconheci seu vulto em minha frente
Olá escuridão, tão velha amiga
Falar contigo é bom, pois novamente
Regando os versos lembro da semente
Que em mim plantastes noutra noite antiga
Pensando agora lembro algum detalhe
Do som suave que o silêncio dá
Se não me engano e a mente não me falhe
Visão sinistra... igual, outra não há!
Nessa visão eu caminhei sozinho
Paralepípedos ladrilhava a rua
E os fios prata descendo da lua
Iluminavam parte do caminho
Apunhalado pela tez sombria
Em meio ao breu um flash fez açoite
Cortando o som que dividiu a noite
Quando o silêncio se compreendia
Em meio ao flash que se fez cortar
Eu vi na luz uma grande multidão
Falando frases sem conversação
Ouvindo todos sem nada escutar
E essas pessoas escreviam versos
As vezes graves outras vezes leve
Canções e letras que ninguém se atreve
E perturbavam o som dos universos
Gritei - Seus tolos! Ouçam o que vos digo
Vocês não sabem que o silêncio cresce?
E feito um câncer acorda ou adormece
Se me escutarem salvem-se comigo-
Porém notei que eu não tinha voz
Mesmo gritando não saía o som
E a voz calada se igualou ao tom
Feito o silêncio que habita em nós
Analisei melhor cada expressão
Estarrecido quase boquiaberto
Tentei de tudo pra fazer o certo
Mas o silêncio trouxe a depressão
Notei então sorrisos aos milhares
Faces sublimes (todas mascaradas)
E as olheiras quase disfarçadas
Se maquiavam em milhões de pares
E a multidão curvada orava ao léu
Ao Deus do flash que cortou o céu
Vi uma placa com dizer profundo:
Ainda existem muitas esperanças
Educa a ti, mas cuida das crianças
Cuidando delas mudarás o mundo.
Imagem Ilustrativa do Post: Luz e Escuridão // Foto de: Daniel Andrade // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/130548318@N05/17623105055
Licença de uso: http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode