Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Aquela rua ladrilhada,
meio reta meio inclinada
me lembra o alvorecer.
Infância linda e tranquila,
sem blusa e sem censura,
a liberdade do meu ser.
Ali vivi e sobrevivi,
com alegria sem igual,
em uma família vicinal.
Dona Dedé, Seu Jaime e sua Rural
ostentavam, sem igual,
o privilegio de uma esquina.
Do outro lado, Seu Mizael, Dona Bezinha,
sua prole e uma grande palmatória
refrescando minha memória.
Os gritos de Dona Arjemira
chamando por Tonho e Joãozinho,
tão meninos, simplesinhos;
obedeciam sem demora,
muito mais que a Dona Aurora.
Meu pai e seu caminhão,
mamãe e seu vozeirão,
lembranças do coração.
São João e sua fogueirinha,
Gavião e sua cachacinha,
Manoelito e suas bombinhas.
Seu Edson e Dona Lurdes,
um Gongá, seus pretos velhos,
o profano e o mistério.
Dona Nifa, seus rebentos e suas histórias;
sempre as guardo na memoria,
o dia-a-dia onde aprendia
a irmandade e o magistério.
Mais abaixo, Nena e Zequinha
amigos de geração,
ainda os tenho como irmãos
da aurora da Conceição.
Seu Batatinha, Dona Dominga,
uma moeda, um geladinho.
E do Fiel quem é que esquece?
Um cachorro e uma chamada.
Ai, que gosto de cocada!
Tia “Rrita” e tia Zenaide,
tio Lito e Eliezer,
a expansão tão consanguínea
dos parentes artesãos,
onde aprendi grandes lições,
da vida como ela é.
Seu Antônio Bonitinho,
a alegre Dona Carminha,
Marilia, um mulherão,
Jaqueline minha amiguinha.
Dona Zô e suas costuras
me deixavam envaidecida,
Zé Palá e sua bravura
me deixavam estremecida.
Seu Gilberto e o caminhão,
eram tantos tijolinhos
onde eu via Dona Estela
por aqueles buraquinhos.
Dona Ná, sempre na dela,
fumando seu cigarrinho,
saia as vezes no portão,
observando com alegria,
as nossas estripulias.
Seu Thiago, minha gente!
Nos fez tremer com seus rompantes,
e mesmo na euforia
era grande a alegria.
Seu Antônio das laranjas e uma penca de meninos,
alegres e bonitões, hoje todos grandalhões.
Na mesma rua, em seu fundinho,
tem ainda a Dona Val,
com uma força sem igual,
seu exemplo de mulher,
com muito discernimento,
sinônimo de empoderamento.
Dona Delita e seu Roque,
Dona Pulúzinha e seus filhotes,
me recordam com alegria
os meus domingos na feirinha.
Minha infância está presente,
recortes na imensidão,
do São Vicente à Conceição
memorias do coração.
Imagem Ilustrativa do Post: person wearing white band ring // Foto de: Priscilla Du Preez // Sem alterações
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