O labirinto em tempos sombrios

29/12/2018

 

A história é um labirinto. Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, devemos procurá-la nós mesmos. O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum. (Norberto Bobbio) 

A metáfora do labirinto utilizada por Bobbio - “o problema da guerra e as vias da paz” -nos serve de lição para enfrentarmos os tempos sombrios. Tempos sombrios que, como no labirinto de Bobbio, não nos levará a qualquer saída, muito antes pelo contrário, mas que poderão nos mostrar quais os caminhos que não devem ser percorridos já que não levam a lugar algum.

Para tanto, não podemos nos olvidar, como salienta Bobbio que: 

O reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das Constituições modernas. A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconhecimento e a efetiva proteção dos direitos do homem em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo, o processo de democratização do sistema internacional, que é o caminho obrigatório para a busca ideal da ‘paz perpetua’, no sentido kantiano da expressão, não pode avançar sem uma gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos do homem, democracia e paz são três momentos necessários do mesmo movimento histórico: sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia, sem democracia não existem condições mínimas para solução pacífica dos conflitos. [1] 

Há vários caminhos que não devem ser percorridos. Assim, devemos nos afastar do caminho do ódio, do preconceito, da discriminação, da intolerância, da irracionalidade, do autoritarismo e do fascismo em suas diversas formas de manifestação. 

Na busca incansável e desesperada pela saída – ainda acreditamos que ela existe – do incompreensível e incógnito labirinto, devemos nos guiar pelo respeito ao próximo, pelos direitos humanos, pela inclusão social, pela tolerância e pela paz. 

Aqueles que insistirem em afrontarem os direitos humanos e a rasgarem a Constituição da República – bússola que nos conduzirá com segurança para saída do labirinto – permanecerão andando em círculos, baterão as cabeças e jamais encontrarão a saída.

Dentro deste grande labirinto, nós, verdadeiramente comprometidos com o respeito à dignidade da pessoa humana, não podemos “largar as mãos” para que unidos possamos desvendar os mistérios da vida e algum dia, que não seja tarde, possamos encontrar a saída e a almejada liberdade.

 

Que assim seja!

 

PS: Este colunista vai entrar de férias para tentar encontrar a saída do labirinto... Retornarei em fevereiro.

 

Notas e Referências

[1] BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Avenida Paulista // Foto de: Marina Avila // Sem alterações

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