O Direito (não) é para os covardes

26/08/2019

Não estamos aqui para realizar, tampouco para pensar. Mesmo porque, pensar, como capacidade de decidir a partir de análises críticas do meio e de si é, ainda, algo não encontrado além dos bióticos, com destaque especial aos seres humanos.
Nossa missão, a verdadeira, está ligada ao movimento, aquele que o universo nos obriga e que teimamos acreditar ser o de evolução.
Será?
Se tivéssemos escolha, teríamos coragem de nos manter em desenvolvimento?
Certamente não, pois nossa natureza biótica determina preferências ao caminho de comodidade e de preservação de energia.
Talvez, por isso, o Direito nasça, sempre, da derrota e da covardia.
Sim, pois se fossemos vencedores, não precisaríamos do Dirieto, apenas da burocracia.
Ora, mas não é, normalmente, a burocracia uma das grandes vilãs da vida em sociedade?
Não, nossa mediocridade é.
Somos perdedores quando não atingimos, ainda, um grau de evolução mínima que nos tornem aptos a “conviver”.
Precisamos, permanentemente, de uma força externa, coercitiva, que limite nossas ações aos níveis de suportabilidade sustentável para que não nos destruamos.
Logo, o atestado de incompetência humana, então, vem do Direito, não da burocracia.
Aliás, o que estraga burocracia é o Direito.
O Direito sempre representará uma verdade inconveniente.
Por mais que teimem, não estamos aqui para criar. Ora, a poesia não sustenta a realidade. Por isso, o ópio jurídico é tão necessário.
Já pensou na sua vida sem o Direito?
Provavelmente não existiria, pois, sim, na ausência do jurídico, a vontade unilateral imperaria em meio de oposições mortais de outras unilateralidades que, ao fim e ao cabo, aceleraria a evolução natural da força e não da razão.
Sim, porque o Direito ainda representa o mínimo de organização de frustrações intersubjetivas voltada à nutrição do Estado,  como ente promotor do desenvolvimento humano, principalmente, quando é necessário  conviver!
Da convivência compreendemos (aqueles que exercitam um mínimo de sua racionalidade nata) que devemos aprender para desenvolver. Tal fenômeno ocorre, em resumo, quando a partir de experiências, absorvemos o resultado bom e descartamos o ruim.
Porém, se elementar assim fosse, nada de Direito precisaríamos, como covardes.
Só que o humano ainda necessita de cenouras penduradas em frente ao nariz para percorrer seu caminho de desenvolvimento.
E, sim, o ser humano ainda carece de heróis nada humanos que determinem, impiedosamente, direitos, prerrogativas, limites e restrições.
Contudo, longe do Direito, nada mais impiedoso do que o tribunal social, sem leis, tampouco parâmetros ou limites.
Nesse universo “meta-jurídico” sem regras, a covardia é afastada por uma coragem efêmera, representadas por avatares protegidos por singelas telas de celulares ou de computadores.
Seriam o corajosos digitais os verdadeiros covardes da Justiça?
Ou, de fato, o Direito é para os covardes?

Se for, prefiro a rebeldia.

 

Imagem Ilustrativa do Post: courthouse hammer // Foto de: pixabay.com // Sem alterações

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