O CRIME DE SOLTAR BALÕES: UM RISCO PARA A SOCIEDADE E PARA O MEIO AMBIENTE

25/05/2023

Com a aproximação do período de festas juninas no Brasil, ressurge a problemática envolvendo a tradição de soltar balões e os risco associados a essa conduta considerada criminosa.

A Lei n. 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, estabelece uma série de condutas criminosas que visam proteger o meio ambiente e a vida em todas as suas formas. Entre os diversos delitos previstos nesta legislação, encontra-se o crime de soltar balões, descrito no artigo 42, que merece nossa atenção e reflexão.

Nesse sentido, o artigo 42 da Lei n. 9.605/98 pune as condutas de “fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano.” A pena é de 1 a 3 anos de detenção, ou multa, podendo ambas ser aplicadas cumulativamente.

O período de festas juninas no Brasil é uma das celebrações mais tradicionais e queridas do país. Comemorada durante todo o mês de junho, essa festividade é marcada por uma série de elementos culturais, como quadrilhas, fogueiras, comidas típicas e, infelizmente, também pela prática perigosa de soltar balões.

As festas juninas têm suas raízes nas festividades populares europeias, surgidas na Idade Média, trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses. No entanto, ao longo do tempo, essas celebrações foram incorporando elementos da cultura indígena e africana, resultando em uma rica mistura de tradições e rituais.

Durante as festas juninas, as pessoas se vestem com trajes típicos, como vestidos coloridos de chita, camisas xadrez, chapéus de palha e lenços no pescoço. As quadrilhas, danças de origem francesa, são um dos pontos altos das festividades. Amigos, familiares e vizinhos se reúnem para dançar em pares, seguindo coreografias animadas e divertidas.

As fogueiras também desempenham um papel importante nas festas juninas. Tradicionalmente, as fogueiras eram acesas para celebrar o nascimento de São João Batista, no dia 24 de junho. As pessoas se reuniam ao redor do fogo, cantavam músicas, contavam histórias e realizavam simpatias para afastar o frio e os maus espíritos.

No entanto, é preciso destacar que o costume de soltar balões durante as festas juninas é uma prática perigosa e ilegal. Embora seja uma tradição presente em algumas regiões do país, o crime de soltar balões está previsto na Lei dos Crimes Ambientais, como mencionado anteriormente. A legislação visa proteger o meio ambiente e prevenir incêndios que podem ser causados por balões.

Os balões juninos são confeccionados com papel, tecido ou plástico, e são enchidos com ar quente, geralmente por meio de uma fogueira ou tocha. Ao serem soltos, eles ganham altura e podem ser levados pelo vento por longas distâncias. Essa prática representa um perigo iminente, pois esses balões podem cair em áreas florestais, zonas urbanas ou até mesmo em áreas com infraestrutura aeroportuária.

Portanto, os riscos associados ao crime de soltar balões são inúmeros. Em áreas florestais, onde a vegetação é densa e propensa a queimar rapidamente, o perigo de incêndios se multiplica. As chamas podem se alastrar com velocidade assustadora, consumindo tudo em seu caminho, desde árvores majestosas até pequenos animais indefesos. Os incêndios florestais têm um impacto devastador e duradouro, podendo levar anos para que a natureza se recupere.

Nas áreas urbanas e nos assentamentos humanos, os riscos são igualmente graves. O fogo provocado pelos balões pode atingir residências, prédios públicos, empresas e estabelecimentos comerciais, colocando em perigo a vida de milhares de pessoas. Além disso, os incêndios causam prejuízos materiais consideráveis, resultando em perda de patrimônio, desalojamento e desamparo para muitos indivíduos e comunidades.

Diante dessa realidade preocupante, órgãos públicos vêm adotando diversas iniciativas para coibir essa prática criminosa. A fiscalização e a aplicação da lei são essenciais para identificar e responsabilizar os infratores. Além disso, campanhas de conscientização têm sido realizadas, visando educar a população sobre os riscos associados aos balões e promovendo uma cultura de preservação ambiental e segurança coletiva.

É importante ressaltar que o crime de soltar balões não ocorre apenas em época de festas juninas, quando essa prática é mais comum. Infelizmente, durante todo o ano, ocorrem casos de pessoas que, de forma irresponsável e muitas vezes movidas por tradições culturais, soltam balões sem se dar conta das consequências desastrosas que podem surgir. Assim, a conscientização da população deve ser contínua e abranger todos os períodos do ano, enfatizando a gravidade do crime e os danos que ele pode causar.

Além das campanhas de conscientização, é importante que as autoridades promovam ações educativas nas escolas, abordando os perigos do crime de soltar balões e incentivando práticas seguras e sustentáveis. Os jovens, como futuros cidadãos, têm um papel crucial na preservação ambiental e na disseminação da conscientização entre seus familiares e comunidades.

Outra medida relevante é o fortalecimento da fiscalização e da punição aos infratores. As autoridades competentes devem intensificar a atuação para coibir a fabricação, venda, transporte e soltura de balões, garantindo a aplicação efetiva da lei. Além das penas previstas na legislação, é fundamental que os infratores sejam responsabilizados pelos danos causados, sendo obrigados a reparar os prejuízos ambientais e patrimoniais decorrentes de suas ações.

Em suma, para combater esse crime, é necessário um trabalho conjunto entre órgãos públicos, instituições educacionais, sociedade civil e mídia. A divulgação dos riscos e das consequências associadas ao crime de soltar balões deve ser constante e abrangente, alcançando todas as camadas da sociedade. A conscientização da população não se resume apenas aos infratores em potencial, mas também àqueles que podem testemunhar e denunciar a prática criminosa, contribuindo para a identificação e ação das autoridades.

 

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