O CRAVO, A ROSA E A ESTATÍSTICA

15/08/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

O cravo brigou com a Rosa,
Porque estava maquiada;
Xingou-a de horrorosa,
De louca e depravada.

O cravo tomou-lhe a bolsa,
Geriu todo o seu dinheiro,
A Rosa disse: “devolva”!
E o cravo: “gastei primeiro”.

O cravo mandou que a Rosa
Deixasse de trabalhar
E que ela se dedicasse
À prole e ao seu lar.

O cravo afastou a moça
Da família e dos amigos;
O cravo prendeu a Rosa
Dizendo ser um abrigo.

O cravo chamou a Rosa
Para um belo jantar,
Mas reclamou da roupa
E ela precisou trocar. 

No bar, havia colegas 
E Rosa foi educada;
O cravo ficou com raiva
E ela foi humilhada.

A Rosa ficou tão triste...
Depois, ela o desculpou
A Rosa cresceu ouvindo:
“Ciúme é sinal de amor”.

O cravo teve outra crise,
A Rosa argumentou.
O cravo, mostrou sua força,
Quando ele a empurrou.

O cravo pediu desculpa,
Prometeu-lhe não repetir,
Roubou um beijo da moça,
Mas ela não quis sorrir. 

O cravo a levou à cama,
Estava muito possesso;
A Rosa não viu saída, 
Com o cravo ela fez sexo.

A Rosa saiu de casa,
O cravo a perseguiu;
A Rosa pediu socorro,
Só que ninguém ouviu. 

O cravo bateu na Rosa,
Deixou-a desacordada.
O cravo tinha um revólver
E a Rosa foi alvejada. 

O cravo lavou sua honra
E o mundo o perdoou
O Cravo era seu dono
E Rosa o intimidou

O cravo foi absolvido,
De outra, será marido;
Rosa virou estatística,
De mais um feminicídio.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Cravos // Foto de: Eli Kazuyuki Hayasaka // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/eli_k_hayasaka/8714599036

Licença de uso: https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/

 

 

 

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