Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
O cravo brigou com a Rosa,
Porque estava maquiada;
Xingou-a de horrorosa,
De louca e depravada.
O cravo tomou-lhe a bolsa,
Geriu todo o seu dinheiro,
A Rosa disse: “devolva”!
E o cravo: “gastei primeiro”.
O cravo mandou que a Rosa
Deixasse de trabalhar
E que ela se dedicasse
À prole e ao seu lar.
O cravo afastou a moça
Da família e dos amigos;
O cravo prendeu a Rosa
Dizendo ser um abrigo.
O cravo chamou a Rosa
Para um belo jantar,
Mas reclamou da roupa
E ela precisou trocar.
No bar, havia colegas
E Rosa foi educada;
O cravo ficou com raiva
E ela foi humilhada.
A Rosa ficou tão triste...
Depois, ela o desculpou
A Rosa cresceu ouvindo:
“Ciúme é sinal de amor”.
O cravo teve outra crise,
A Rosa argumentou.
O cravo, mostrou sua força,
Quando ele a empurrou.
O cravo pediu desculpa,
Prometeu-lhe não repetir,
Roubou um beijo da moça,
Mas ela não quis sorrir.
O cravo a levou à cama,
Estava muito possesso;
A Rosa não viu saída,
Com o cravo ela fez sexo.
A Rosa saiu de casa,
O cravo a perseguiu;
A Rosa pediu socorro,
Só que ninguém ouviu.
O cravo bateu na Rosa,
Deixou-a desacordada.
O cravo tinha um revólver
E a Rosa foi alvejada.
O cravo lavou sua honra
E o mundo o perdoou
O Cravo era seu dono
E Rosa o intimidou
O cravo foi absolvido,
De outra, será marido;
Rosa virou estatística,
De mais um feminicídio.
Imagem Ilustrativa do Post: Cravos // Foto de: Eli Kazuyuki Hayasaka // Sem alterações
Disponível em: https://www.flickr.com/photos/eli_k_hayasaka/8714599036
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