Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Desgraça, de graça, em graça tenente;
As ruas ainda chamam os nomes
Os pés se curvam por elas
Ninguém sabe onde a praga se esconde
O tórax receia atinar dela
Adeus, sem despedidas
Chegadas, sem [contentes] abraços
A sensação atônita:
No seco, vir,
Morrer afogado
O mundo contempla repouso
Em respiro frouxo
Da coragem [quase] terna
Redescobrindo o ouro
Que a rotina, vez, despreza
As flores de abril já são azuis
Que um sonho assim jamais retorne
Da esperança aflita infinita
De quem quer ver a Ilze rir
Como Irene dá sua risada
Falta fôlego
Cruzar os mares
Escalar picos
Revir em si
Um tanto do outro
[dentro de casa]
[pra quem tem casa]
Tantos tetos escasseiam
Antes de Pilatos lavar as mãos
Depois do apuro delas lavadas
Dentre as banhadas com sangue
Pôs-se preciso mundificar a alma
Há distâncias
Filha do isolamento
Irmã da neo-solidão
Onde o sol se lobriga
Num espasmo de ilusão
Mães, qual que choram?
[pelos filhos]
Filhos, por quem rogam?
[pelos pais]
Pais, sede peões?
[pelos filhos]
Mãos, quão demoram, no poço das aflições?
[silêncio]
A vida que vai sem par
Na fila de longa espera
A dança da morte figura
O quebranto da primavera
O coração está nu (quando bate)
Imagem Ilustrativa do Post: Olhando o futuro através do espelho. // Foto de: PAULO LINS // Sem alterações
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