NÃO GUARDO CADERNOS

18/09/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Não guardo cadernos com folhas delicadas. A vida me ofereceu apenas uns blocos amarelados de papel com espiral em arame, onde derramo as minhas memórias lacunosas e os meus haicais surrealistas, pra lá de milium. Mesmo assim, sigo fazendo anotações de minhas travessias e travessuras, sem deixar jamais de ser o menino que se arvorava em liberdades desembestadas nas esquinas móveis do Barro Vermelho, lá onde ouvira, pela primeira vez, o nome de um poeta, Segundo Wanderley, que ainda dá nome à rua onde vivi por quase trinta anos, eu brincante, desavisado dos riscos que correria ao longo dos muitos dias que se estenderiam até aqui, talvez ainda agora me conduzindo a outras horas colecionadas lá adiante, neste ba(i)rro, nesta terra e noutras, molhadas pelos ventos de agosto, que replicam meus aniversários tardios de leonino. Tudo lá atrás e lá adiante. O que vale é ter coragem de viver isso e mais um bocado. E montar mais peças de tempos e horas. Misturar vida e poesia, pra dar e tirar o sentido das coisas tão triviais.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Moleskine Smart Notebook // Foto de: Shou-Hui Wang // Sem alterações

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