Mediação de leitura com o conto fantástico: estratégia de envolvimento

18/11/2021

Coluna Direitos de Crianças, Adolescentes e Jovens / Coordenadores Assis da Costa Oliveira, Hellen Moreno, Ilana Paiva, Tabita Moreira e Josiane Petry Veronese

A escola é lugar destinado ao ensino, mas, também, ao aprendizado sem restrições na natureza pública ou privada. Permitida a consideração de suas diferenças: administrativas, de estrutura física, de logística e as considerações referentes ao potencial sociodemográfico das comunidades que a frequentam. Há ainda, as variáveis que servem de referência para dados que apontam a vulnerabilidade da escola pública e os quadros de violência notícias no jornal. Problemas que enquadram a escola como um espaço onde se trabalha situações de alta vulnerabilidade social. Assim, o projeto “Mediação de leitura: teoria e prática” — desenvolvido pelo Grupo de Estudo Literários na Amazônia e Formação de Leitores (GELAFOL), coordenado e orientado pelo Prof. Dr. Nilo Carlos Pereira de Souza — teve como local de execução escolas públicas da capital paraense. Focando na questão da leitura e da formação de leitores, o projeto desenvolveu ações de mediação de leitura literária com alunos do ensino básico, com objetivo de desenvolver estratégias de mediação em situações reais de ensino.

Diante do sucateamento da educação pública e total desrespeito dos órgãos responsáveis, a escola oferece a população salas de aula com carteiras quebradas, paredes com infiltrações, tetos cheios de goteiras, chão de cimento “cru”, banheiros inadequados, equipamentos quebrados ou funcionando de modo precário, com risco de acidente. As salas de aula sem aeração, com acústica inadequada para oralização. Esse contexto, muitas vezes sujo, com muito barulho e calor, foi a realidade encontrada nas escolas selecionadas para a execução do projeto. Ao total, o projeto fechou parceria com 4 escolas públicas de Belém, todas situadas na periferia, cujos alunos convivem com situações de violência, de discriminação e de injustiça. Esses aspectos foram discutidos durante as reuniões do GELAFOL. O desafio colocado era desenvolver ações de mediação de leitura literária que conseguissem formar o gosto pela leitura em meio às problemáticas do cotidiano escolar. Nesse sentido, o Grupo criou um cronograma de encontro para realizar as leituras necessárias que dessem o suporte teórico às ações e a categoria de abordagem aplicadas com os alunos.

Guiados pelas experiências dos membros mais antigos do Grupo, uma das estratégias de mediação desenvolvida foi a exploração do gênero literário fantástico. Partiu-se do pressuposto de que o gênero fantástico, quando bem mediado, desperta o interesse do leitor, pois cria um estado de expectativa, provocando sentimentos intenções no sujeito. Para melhor dominar tal proposta, foi criado o Plano de Trabalho, intitulado: “Mediação de leitura com o conto fantástico: estratégia de envolvimento”. Para tanto, mantivemos as leituras apontadas no projeto de pesquisa, tendo como destaque os seguintes autores: Maria Helena Martins (O que é Leitura), Marisa Lajolo (O que é Literatura), Umberto Eco (“O leitor Modelo”), Tzvetan Todorov (Introdução à literatura fantástica). Com base na teoria desenvolvida nesse último autor, aprofundamos os estudos sobre o texto fantástico e realizamos leituras de obras que consagraram o gênero, tais como: “A pata do macaco”, de William Wylmark Jacobs; “Liliana chorando”, de Julio Cortazar; “La chevelure”, de Guy de Maupassant; “Me alugo para sonhar”, de Gabriel García Marquez; “O coração delator”, de Edgar Allan Poe — o que possibilitou a aquisição de novos conhecimentos que orientaram as estratégias de leitura na formação de novos leitores, possibilitando também a produção de resenhas e artigos científicos.

Maria Helena Martins, o livro O que é leitura, da editora brasiliense, faz considerações sobre a leitura, mas sempre com pertinência ao ato da escrita e ao leitor com elementos que vão para além da função de decodificar as letras. A autora argumenta que a leitura é algo intencional, consciente, relacionada ao contexto social e cultural que articula linguagem e realidade em um único plano. A leitura, como algo maior que decifrar sinais, é considerada pela autora como algo natural, possível em todos os sentidos, tanto mediatos quanto imediatos, muito longe de ser simples conhecimento da língua, mas um complexo de relações interpessoais que aproximam e afastam as relações humanas. O leitor, enquanto descobridor de si, do outro e das coisas, rompe com a parede imaginária criada entre a leitura de textos escritos e leitura de imagens para haver o exercício de melhor compreende-las, se possível em conjunto. É necessário estar sempre consciente que o texto escrito é uma abstração não-natural que serve de instrumento de comunicação e para registros de historicidade das relações humanas, sendo inclusive utilizado como instrumento de poder em várias sociedades. A liberdade, mas também, o cárcere dos sujeitos que dominam ou mesmo tem contato com a prática da palavra escrita é mais comum do que se possa imaginar. Pense a palavra escrita como aquilo que torna concreto a subjetividade dos sujeitos que a dominam, sempre amparada pela objetividade do mundo que está sendo dominado, ligado a condições precárias ou ideais para despertar a leitura. Esse domínio possibilita a potencialização das capacidades intelectuais, físicas e permitindo o cidadão participar efetivamente das decisões na sociedade. Para Martins, o sujeito capaz de compreender e participar com autonomia, abandonando sua condição passiva no decorrer de sua trajetória pessoal enquanto leitor.

Ainda segundo Martins, na contemporaneidade, é na escola que a maioria dos sujeitos tem seu primeiro contato com o código escrito de forma sistemática. A autora aponta a escola como espaço onde os sujeitos são apresentados a uma visão de mundo pronta, com verdades que satisfazem os grupos sociais hegemônicos de potencial ideológico autoritário, moralista e religiosos ortodoxos que buscam a padronização das culturas para maximizar seu domínio socio-político-histórico-econômico. Então, é perceptível que as leituras na escola atendam as necessidades de determinados grupos socialmente estabelecidos. Na prática, o ato de ler na escola está longe de uma arborização dos conteúdos socioculturais dos alunos e são reforçados pelas propagandas televisivas, assim é incoerente emparedar o ato de ler aos livros e formar leitor apenas aqueles que os consomem. O leitor é sujeito vivente e de experiência reflexivo-crítica latente, ou seja, o leitor com visões da palavra escrita a partir de referências cotidianas. É importante ressaltar que ler permite que os sujeitos se distribuam por afinidades culturais; discutam propostas de fantasia e realidade conscientemente e objetivo, proporcionando elementos para posturas reflexivas e atitudes críticas, articulando mudanças e transformações na sociedade como todo e nas culturas particularmente. Segundo Martins, a leitura pode ser simplificada como mera decodificação mecânica dos signos linguísticos e, também, como compreensão da dinamicidade dos componentes sensoriais para sistematização das experienciações dos sujeitos leitores. Elevando os sujeitos para além dos textos escritos, potencializando assim sua oralidade e contextualização visual. Permitindo ao leitor, sua interpretação pessoal conforme seus interesses e necessidades, respondendo questões sobre as realidades apresentadas. Pois, podem ser configurados três níveis de leitura: o nível sensorial, o nível emocional e o racional. Inter-relacionados ou não, podendo dessa forma vestir as coisas com significados, categorizando definições do mundo adulto. Um jogo aparentemente lúdico que auxilia no aprimoramento da linguagem do sujeito com o mundo e para o mundo. Determinante de fatores para interação social. O leitor tem de ser consciente que todo projeto textual tem relações ideológicas que servem para aproximar os leitores, sendo muitas vezes desconsiderada a relação emocional do leitor em função de atitude intelectual, o que causa dissimulação com relação ao texto. A principal característica do leitor racional é limitar sua proposta de leitura convencional, herança de uma educação formal, que revela certo grau de erudição e cultura. Uma leitura reflexiva e dinâmica que acrescenta com a leitura sensorial e emocional, questionando o universo das relações sociais. A conquista de uma leitura racional potencializa a busca por desafios de leitura, assim como nutre as leituras com experiências. A possibilidade de reconhecimento de indícios textuais. Assim, é impossível ler de modo apenas racional, sensorial ou emocional, pois estes precisam constantemente se alinhar, sempre conscientes de nossas capacidades. Por fim, a autora constatou ainda que leituras feitas de forma isolada, pode construir um leitor de aspectos que enfatizam o imediatismo, o conservadorismo e o progressismo, características que depreciam a leitura. É importante que a leitura e o leitor se preencham, se completem.

Durante a leitura de Marisa Philbert Lajolo (1993) foi possível perceber outros aspectos que envolvem o ato de ler e a formação de leitores. Ela nos fala de um trabalho com a leitura literária que acaba afastando os alunos do ato de ler. E isso “Talvez venha desse desencontro de expectativas que a linguagem pela qual se costuma falar no ensino de literatura destile o amargor e o desencanto de prestação de contas, deveres, tarefas e obrigações” (LAJOLO, 1993, p. 12). A autora discorre sobre o papel fundamental do professor nesse processo. Entendemos que o sistema educacional brasileiro impõe situações que acabam desviando esse profissional para outras finalidades que não a formação do gosto pela leitura:

O que há, então, pra o professor, é um script de autoria alheia, para cuja composição ele não foi chamado: leitura jogralizada, testes de múltiplas escolhas, perguntas abertas ou semi-abertas, reescritura de textos, resumos comentados são alguns dos números mais atuais do espetáculo que, ao longo do território nacional, mestres, menos ou mais treinados, estrelam para platéia às vezes desatentas, às vezes rebeldes, quase sempre desinteressadas, sobrando a seção de queixas e reclamações para congressos, seminários, cursos de atualização e congêneres, ou então pesquisas como a que está sendo comentada (LAJOLO, 1993, p. 15).

A autora acrescenta que a crise com a falta da leitura vivenciada durante a vida escolar do aluno se liga diretamente a falta de uma experiência de leitura do próprio professor:

Numa última perspectiva, o desencontro literatura-jovens que explode na escola parece mero sintoma de um desencontro maior, que nós — professores — também vivemos. Os alunos não leem, nem nós; os alunos escrevem mal e nós também. Contrário de nós, os alunos não estão investidos de nada. O bocejo que oferecem à nossa explicação sobre o realismo fantástico de Incidente em Antares ou sobre a metalinguagem de Memórias póstumas de Brás Cubas é incômodo e subversivo, porque sinaliza nossos impasses (LAJOLO, 1993, p. 16).

No entanto, na sequência, Lajolo diz que esses impasses incomodam, mas também despertam para podermos pensar em outras formas de entender e trabalhar a leitura em sala de aula. O primeiro passo para isso, na concepção da autora é perceber o trabalho de formação de leitores como um processo, um leitor em permanente construção, onde se mudam os desejos e as motivações. Sendo assim, os conceitos de literatura e de leitor também devem acompanhar esse processo de mudança.

Interessante o diálogo com a obra de Umberto Eco. Em seu texto “O leitor Modelo”, o autor nos fala dos aspectos que envolvem a relação autor-texto-leitor. Ele entende que a complexidade do texto verbal se encontra no fato de ser um sistema de linguagem entremeado do não-dito:

“Não-dito” significa não manifestado em superfície, ao nível de expressão: mas é justamente este não-dito que tem de ser atualizado ao nível de atualização do conteúdo. Para este propósito um texto, de uma forma ainda mais decisiva do que qualquer outra mensagem, requer movimentos cooperativos, conscientes e ativos da parte do leitor (ECO, 1988, p. 36).

Segundo Eco, é exatamente essa natureza incompleta da linguagem verbal, em especial da escrita, que cria o leitor modelo — uma imagem de leitor criada pelo autor e leva informações necessárias para a composição de sentido pelo leitor real. Na visão de Eco, a leitura possível de um texto se multiplica na ampliação da margem de significados já que ela abarca toda a expectativa gerada durante a composição do texto, assim como, se amplia com a inclusão dos referenciais subjetivos do leitor – é nesse entre-lugar que se pode pensar a construção de sentido.

Tzvetan Todorov escreveu sobre o fantástico na literatura, sistematizando a tríade: fantástico, estranho e maravilhoso. Seu livro Introdução à literatura fantástica é referência para o estudo do gênero. Foi com base na teoria de Todorov que nos baseamos para construir um conjunto de estratégia com o gênero fantástico para atrair a atenção dos alunos e construir o gosto pela leitura. O autor destaca os muitos teóricos que já trataram sobre o fantástico, e apresenta os muitos elementos que podem compor tal gênero, dentre eles, a experiência particular do leitor real com relação: ao sentimento de medo ou de perplexidade; à atmosfera do sobrenatural; à intensidade emocional que o texto provoca; à experiência profunda do sentimento de temor e terror; a presença do insólito, à impressão de estranheza irredutível. Contudo, para Todorov, o que definitivamente garante o fantástico seria a ambiguidade, o sentimento de dúvida que gira na cabeça do leitor real: o fantástico instala um dilema: acreditar ou não no fenômeno (natural ou sobrenatural): “A identificação que evocamos não deve ser tomada como um jogo psicológico individual: é um mecanismo interior ao texto, uma inscrição estrutural. Nada impede, por certo, que o leitor real mantenha todas suas distâncias com respeito ao universo do livro” (TODOROV, 2004, p. 45).

Durante as ações de fomento a leitura realizada pelo GELAFOL nas escolas, foram feitas entrevistas semi-direcionadas com alunos e professores participantes do projeto. Tais entrevistas foram discutidas e analisadas pelos membros do GELAFOL e ajudaram a buscar uma reflexão mais aprofundada durante a composição de nosso estudo.

Os estudos aqui citados foram complementados por outras leituras e os resultados foram orientados para a construção de um artigo intitulado “Mediação de leitura com o conto fantástico: estratégia de envolvimento”, em que desenvolvemos uma reflexão sobre a influência do gênero fantástico na formação de leitores em sala de aula. O artigo será encaminhado para apresentação no Seminário de Iniciação Científica e submetido à avaliação de revistas qualificadas. Além do referido artigo, o GELAFOL organizou dois eventos: os Diálogos CONLER-Norte I e II, reunindo grupos de pesquisa que trabalham leitura na região amazônica.

1. OBJETIVOS:

1. Estudar estratégias de envolvimento com a leitura literária através dos contos fantásticos: esse objetivo foi cumprido com êxito, ampliando nossa base teórica e aprimorando as ações de mediação de leitura;

2. Produzir estudos críticos que identifiquem o papel do mediador de leitura no atual contexto escolar: nesse quesito, o projeto na totalidade publicou trabalhos que focalizam o papel do mediador; no caso do artigo desenvolvido por esse plano de trabalho, especificamos no trabalho com o gênero fantástico que o mediador pode se valer durante a mediação de leitura;

3. Articular parcerias com escolas do Ensino Básico (municipais e estaduais), promovendo troca de experiências de mediação de leitura: o projeto construiu parceria com 4 escolas públicas e promoveu ações de mediação de leitura durante os anos de 2017 e 2018, período no qual foi desenvolvido o presente plano de trabalho;

4. Fortalecer a pesquisa nas áreas da leitura literária, divulgando trabalhos e publicando estudos voltados para a formação de leitores: o estudo proporcionou nossa participação em eventos acadêmicos e a apresentação de trabalhos;

5. Contribuir para formação do professor de Ensino Básico com ações de mediação de leitura, possibilitando a troca de experiências com práticas de leitura literária que envolvam os alunos no campo da leitura: a troca de experiências nas escolas e a divulgação dos resultados da pesquisa garantiram esse objetivo;

6. Publicar pelo menos um artigo discorrendo dos estudos referentes a mediação de leitura e o conto fantástico: o artigo resultante de nosso estudo, encontra em fase de submissão.

 

2. METODOLOGIA:

O livro Introdução à literatura fantástica, de Tzvetan Todorov orientou o plano de trabalho intitulado “Mediação de leitura com o conto fantástico: estratégia de envolvimento”, que estudou obras literárias que tem como principal característica o mistério, o espanto e horror. O medo do desconhecido. A pesquisa foi de natureza aplicada, pois gerou novos conhecimentos de aplicação prática e se dirigiu a solucionar problemas enfrentados por educadores para formar leitores, problemas específicos relacionados a motivação da prática de leitura na escola. Teve uma abordagem quantitativa, pois fez coleta de opiniões que ao serem tratadas para análise servirão como variáveis para considerações sobre a relação dinâmica entre o mundo real e os sujeitos da pesquisa, o que serviu para descrever e analisar os dados indutivamente, caracterizando que também foi uma pesquisa qualitativa. Assim foram feitas entrevistas com estudantes e professores, utilizando de recursos áudio-visuais. Com objetivo de tornar explícitos os problemas a serem enfrentados e auxiliando na construção de hipóteses. Foi possível averiguar sobre as características das comunidades onde o projeto foi executado, sendo possível estabelecer relações sociais, culturais, econômicas e políticas do meio onde as crianças estão presentes até chegarem à escola. O que possibilitou identificar fatores que colaboram para dificultar o acesso das crianças e adolescentes a espaços de leituras? Foi conduzido levantamento bibliográfico, com materiais já publicados que serviram para orientar as observações no decorrer das atividades.

 

3. RESULTADOS:

Apresentar e discutir os principais resultados obtidos, deixando claro o avanço teórico, experimental ou prático alcançado ao final do plano. Acrescentar resultados em tabelas, gráficos ou outras formas apropriadas. Indicar as publicações originadas do projeto, acrescentando cópias das mesmas, considerando os trabalhos publicados e/ou aceitos para publicação, livros, capítulos de livros, artigos em periódicos (inter)nacionais, resumos em congressos, seminário de iniciação científica. Indicar claramente entre os autores dos trabalhos, quando for o caso, os bolsistas formais de IC.

Os principais resultados desse estudo estão no grau de complexidade que se encontra a mediação de leitura. Perceberemos o gênero fantástico enquanto instrumento de estratégia de envolvimento do leitor iniciante. Ao longo da pesquisa, chegamos às seguintes conclusões:

a) O processo de mediação de leitura passa pela escola do texto a ser trabalhado com as muitas categorias de leitores;

b) O tipo de texto literário a ser trabalhado na formação de leitor exige do mediador estratégias e desempenhos distintas;

c) Um dos gêneros que mais atraem as crianças e jovens em fase escolar é o gênero fantástico. Muitos autores apresentam justificativas para isso: provocam o sentimento de medo e de perplexidade; instalam uma atmosfera sobrenatural; mantém uma intensidade emocional; proporcionam uma experiência profunda de temor e terror; dá margem para a presença do insólito e da estranheza.

d) Todorov define o fantástico pela natureza ambiguidade da narrativa, deixando para o leitor real o sentimento de dúvida sobre os acontecimentos, se eles seriam um fenômeno natural ou sobrenatural.

e) A formação de leitor exige estratégicas de mediação que faça com que o leitor vivencie experiências intensas durante as práticas de leitura, somente assim é possível fazer com que o leitor sinta a vontade de reviver as emoções sentidas durante o ato de ler.

 

4. CONCLUSÕES:

A pesquisa demonstrou que a mediação de leitura é antes de tudo um processo complexo e dinâmico. O mediador de leitura precisa dominar amplamente o tipo de texto que mediará e conhecer bem os sujeitos que deseja guiar. A utilização do gênero fantástico por um lado ajuda na conquista do leitor, pois abre uma possibilidade de contato com sentimentos íntimos que provocam leitor e o faz interagir com a prática da leitura. Por outro lado, o fantástico exige do mediador certo cuidado com os detalhes, com as peculiaridades e com os elementos que compõem as estruturas dos textos, pois cada traço encoberto pela leitura, pode escapar um ponto fundamental para haver o efeito do fantástico: o inquietante sentimento de dúvida do leitor real.      

Entre os fatores positivos da proposta está a conquista de novos leitores e a mudança no ponto de vista das crianças e adolescentes que participaram do projeto. Compromete-los com a prática da leitura e com novos argumentos sobre a escola, professores e corpo técnico. É importante ressaltar que a interação dos alunos foi modificada durante o projeto.

 

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