Linguagens do Cérebro - #livrosdodia

25/12/2019

Tive a sorte de ler este belíssimo livro primeiro em espanhol, depois em inglês e agora em português. A mesma sequência em que aprendi essas línguas. Por isso sinto nele, com prazer, o sabor de várias etapas de minha vida adulta, que dediquei ao estudo e a prática da Neurociência. Como a todos os que nos dedicamos a ela, durante esses anos senti como o maior de seus mistérios aquele de como o cérebro converte sua percepção da realidade que o rodeia, da qual obtém e à qual envia informação, em linguagens que seus neurônios possam compreender, guardar e modificar. Esse mistério, que envolve a transmutação de informações de diversos tipos e procedências, é a base da função cerebral. José María Delgado, neste livro terso e cristalino, explica em detalhe as linguagens que o cérebro utiliza para essa função ímpar. Essa descrição consiste nada menos que no fundamento da Neurociência. Não conheço nenhuma outra descrição dessas linguagens e de suas interações superior a esta de José María Delgado, nem quem melhor tenha desvendado o mistério de como se transforma a realidade do mundo externo e suas linguagens em outra que o cérebro consiga processar, de ida (na percepção) e de volta (na ação). 
O cérebro traduz tudo o que o rodeia e que chega a ele ou sai dele. Ou seja, traduz as linguagens do mundo que percebe e no qual vive e navega, registra na memória o que pensa dele, e também as mensagens que emite em consequência. Algumas dessas linguagens são químicas e outras são elétricas. Saber e entender como, onde e por que umas geram as outras ou se transformam nelas, é o objeto da Neurociência.
José María Delgado, exímio neurocientista, aplica toda sua vasta experiência e lucidez à descrição clara e apaixonada de tudo isso. Clara e apaixonada: por tanto, belíssima. Quem ler este livro terá a dupla fortuna de aprender os fundamentos da Neurociência através das palavras de um dos seus melhores mestres, e sentirá a indescritível satisfação de entender de maneira transparente como
funciona seu órgão central, o cérebro. O leitor não conseguirá facilmente alguém que o guie por esse caminho de forma mais precisa e agradável que o autor do texto que agora tem em mãos.

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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