O dicionário Aurélio conceitua “urbanidade” como “qualidade de urbano; civilidade, cortesia, afabilidade”. Já “civilidade” consta como “conjunto de formalidades observadas entre si pelos cidadãos em sinal de respeito mútuo e consideração; polidez, urbanidade, delicadeza, cortesia”. São características cada vez mais raras, cada vez mais ausentes nas relações humanas.
Embora cumprimentar as pessoas seja uma formalidade a ser observada em sinal de respeito mútuo, cada vez menos todos se cumprimentam, especialmente quando se trata de “subordinados”. Parece que um “bom dia” equivale a uma fortuna, não se podendo desperdiçar em qualquer situação. Um sorriso, então, assemelha-se a uma espécie em extinção.
No ambiente forense, a situação não diverge. As relações entre membros de instituições e assessorias são, em regra, pautadas por um distanciamento inerente à crença de superioridade. Correções são feitas publicamente, em alto e bom tom, sem preocupação em constranger o funcionário (acima de tudo, a pessoa).
Vêm-se esquecendo regras básicas, como bater à porta ou falar em volume que não atrapalhe o trabalho dos outros. “Por favor” parece ser até mais caro que um “bom dia”. Em vez de “muito obrigado”, seguem-se olhares que conotam “não faz mais que a obrigação”.
Nos atos judiciais, o salutar debate entre partes vem sendo substituído pela hostilidade. O necessário respeito às partes e ao Magistrado dá espaço a atos truculentos e a posturas autoritárias.
Onde foi parar a urbanidade? O que se ganha ao destratar alguém ou ao agir como se fosse o centro do universo? Por que viver em sociedade é tão difícil?
Estamos tão preocupados em criar jovens preparados para o vestibular e outras avaliações semelhantes que esquecemos de valiosas lições. Exames como o da OAB e concursos para carreiras jurídicas preocupam-se demasiadamente com conceitos decorados e fazem com que se deixe de lado o mais primordial da educação.
Precisamos reaprender algumas simples lições. Devemos reconhecer a humanidade do “outro” e ter um mínimo de civilidade. Atos que parecem tão pequenos, mas podem ter uma repercussão muito maior do que o imaginado. Precisamos reaprender a viver em sociedade.
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