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31/05/2022

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Ai quem me dera ter a coragem
de escrever a ti
cartas de amor ridículas
e deixar-me ver nas ridículas coisas
escritas, as palavras de amor
(não ditas).
Ai quem me dera um WhatsApp,
Um inbox que fosse...
Em que me desse a passagem
uma beleza do amor
na sua textura ridícula.
Eu me seria rei...
Risível, zombeteiro rei:
Mal seria eu,
se bem me pusesse para alguém?
Não pelo perdimento das promessas...
Mas pela peça louca de expressar o sentimento.
Nesses tempos de consumo...
É tanto iPhone, smartphone
Deezer e Spotify
que tenho medo de ser meme de mim,
nessa doce greve de paz.
Um cansaço que não fica pra traz
em buscar um filme que me retrate
ou inspire na netflix.
Se eu só queria mesmo ser feliz
numa expressão ridícula do amor.
Famigerado amor.
Superestimado amor.
Não há mais o enviar de cartas!
Apenas boletos, multas e pragas;
Não há mais uma Fermina Daza.
E eu não sei seu endereço.

Senhor, Senhor, me falta também o e-mail!
Porque só tenho o Instagram.
O que teceria Camões?
O que cantaria Djavan,
nesse tortuoso devaneio?
É preciso ter força e peito
Para digitar a alguém o preito:
uma métrica de amor
que grita em silêncio.
É ridicula,
mas, penso: é sublime!
Nando, Nando, vieram lambuzar meu pranto.
Não é fácil ser Pessoa na pessoa, Caetano!
Uma angústia das coisas ridículas?!
É tanto não é...
Que só resta ir sendo...
Mas, é o que é!
Pé ante pé.
Dedo a dedo...
Mas morre na caixa de texto.

 

Imagem Ilustrativa do Post: person hand's on laptop // Foto de: Cytonn Photography // Sem alterações

Disponível em: https://unsplash.com/photos/ZJEKICY5EXY

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