GRETA VAN ZEPPELIN : PROTEÇÃO DOS DIREITOS INTELECTUAIS OU INOVAÇÃO?

13/05/2018

CENA 1:

Nos idos de 2002, na época em que eu era doutorando da Unisinos, cursei, nas quartas-feiras de manhã, a disciplina de Direito da Propriedade Intelectual. O professor era o saudoso Padre Bruno Hammes. Os alunos? Eu e eu. Tive a oportunidade única de ter aulas particulares sobre direito da propriedade intelectual com um dos grandes mestres brasileiros da temática.

Em uma das classes, o Padre Bruno foi bem contente buscar um canudo no armário dele. Em todas as aulas, eu tinha que fichar e apresentar um capítulo de seu livro sobre propriedade intelectual. Estávamos na parte da inovação. Ele mostrou a diferença entre a inovação e a proteção dos direitos de autor com base na “molinha”do canudo, uma evolução em relação a uma ideia original.  Fiquei fascinado. Bons professores fazem isso com a gente. Dá uma vontade de ser como eles....

CENA 2

Sempre atrás de sons novos para ouvir, estava lá a aceitar o que o algoritmo da Apple tinha a me oferecer como novidade. Era domingo. Confesso. Cedo. Sete da manhã. Ouvi uma música chamada Highway Tune. Pensei: olha aí o Led Zeppelin com alguma sobra de estúdio que veio à luz agora.

Em seguida, passei uma mensagem de whats app para o Salo de Carvalho, um ferrenho defensor do Led; eu, de minha parte, sempre achei um pouco over aquele visual e tudo o mais que acompanhava a banda. Sou mais Deep Purple. Sempre fui. Salo disse que já conhecia e eu provoquei: igual ao Led, não? Ele respondeu: ”Sim. Quase pornográfico!”.

UMA OBSERVAÇÃO:

Entendam. Eu gosto do Led. Gosto das músicas. Implico um pouco é com a afetação. Preciso dizer que acho o disco do Plant com a Alisson Krauss uma raridade. Uma preciosidade. É que eu não consegui parar de ouvir a música dessa meninada (Greta Van Fleet). O baixista, o guitarrista e o vocalista possuem entre 21 e 23 anos e são irmãos. O batera monta o kit dele da mesma maneira que o Bonzo. É um parceiro dos irmãos. Vieram de uma cidade de cinco mil habitantes, fazendo minha Cruz Alta ser uma gigante quando comparada ao local de nascimento deles.

Por que, então, não consegui parar de ouvir? É muito bom. Bom demais. O cantor é um espanto. O próprio Plant referiu que a banda é ótima e que o vocalista é um achado. É rock dos bons. E, nessa idade, sério, quem estava maduro e seguindo sua pista original, mesmo em seus escritos acadêmicos no Direito?

AINDA NO DEBATE

Com meu declarado espírito de provocador, voltei ao Salo e lembrei -lheque a banda era boa. Ele rebateu dizendo que não eram inovadores, creio. Eu disse que eram novos e que evoluiriam. O que eu me esqueci foi de lembrar que o próprio Led se baseou, e muito, para dizer o mínimo em outras fontes. Veja-se o vídeo abaixo:

O que veio antes? O ovo ou a galinha? Mais. O Rush mesmo foi taxado de cópia descarada do Zeppelin quando novo. A música do vídeo em seguida não é muito semelhante à música Heartbreaker, do Led?

PARTE FINAL

O Greta Van Fleet viola os direitos da propriedade intelectual do Led Zeppelin? Eu deixaria a resposta para meus amigos dessa área do Direito. Eles têm maior propriedade para solucionar o problema. Eu? O que eu acho? É uma senhora banda. Vou curtir. Fosse dar uma resposta eu diria: eles são a “molinha”do canudo, assim como o Led também o foi em relação, por exemplo, aos blueseiros que tanto idolatravam.

Agora, seria o Greta Van Fleet uma inovação? Não sei. Mas vou ouvir até cansar. Afinal, como diria Jagger:  “it`s only rock’n’roll but I like it!”

 

Imagem Ilustrativa do Post: The Bass // Foto de: David Rangel // Sem alterações

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