FLECHA MAKUNAIMÃ

28/01/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Encontrei a vida no meio do capim. Eu ia passando e ouvi um piado. Fui posto a dançar. Dancei criança ainda em duas vontades. Fui posto ao chão. Meu peito inflou e farpas voaram com amor atarraxando em árvores, em tudo em volta. Em tudo que passava na frente a flecha do amor cravou. Homens e bichos, seres especiais. Espíritos. Todos flechados no meu encontrar a vida. Ainda hoje há quem fuja dessas flechas, há quem as desvie. Há quem as deseja mas não vem ao alvo. A flecha voa flexível. Apenas passa zunidos com suas penas bem trabalhadas. Apenas passa passando em sua perfeição de ser. Flechas só passam, livres, livres quando conquistam, livres, leves, livres. Sem veneno, só amor para a vida, só a leveza de estar pleno no ar, exatamente absoluto. Flecha, desde que nasceu a planta aponta para a imensidão. Ser flecha, estar lançado à plenitude. Pleno, neto mesmo de seu grande avô, honra mesmo de suas matriarcas, as donas das flechas, donas dos homens, donas dos barcos, dos arcos. Mãe que flecha o filho à imensidão por puro amor. Não há obstrução, é leve, fluido, é a flecha pousada no ar sem nunca macular. É a flecha especial, a flecha da vida.

Publicado originalmente em 02.01.2018 em rede social Jaider Esbell.

 

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