Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
Não tenho nada que possa me alegrar!
Nem um tostão a mais para aliviar!
Um pobre iludido na contramão.
Comendo esperança para nutrir salvação.
Ah! Mas, se fosse só isso!
Não tenho beleza nem formosura.
Sou um coitado, mestiço sem bravura.
Meu caminho é sem rumo...
Bebo, enlouqueço e fumo.
Ninguém me atura, sou estorvo e encalço.
Para além da lisura, um passo em falso.
Se apenas fosse pobreza,
uma solução haveria pra mim.
Desde que houvesse humanidade
nesse universo sem fim.
Mas, além de pobre, sou agouro.
Sou cego, aleijado e surdo de nascença.
Um infeliz, anômalo, nessa vida.
Só digno de dor e pena.
Estranho mistério, sem perdão ou clemência!
Qual explicação para tal excrescência?
De todo mal que sobreveio
com tanta dor e novena.
Sou o produto vivo da disfunção criadora.
Da calamidade humana avassaladora.
Aqui só me resta sofrer, chorar...
Talvez, sonhar
noutra realidade menos morta
que eu possa acreditar.
Porque, pra mim, essa aqui já deu
tudo o que tinha que dar.
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