ESPERA  

13/10/2021

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Abril chega com ar de mentira. Mas é verdade. Lá se vão onze dias de confinamento. Não, não se trata de ilusão, fake news, ou história da carochinha. Ainda que o desgoverno insista nas mentirinhas diárias, a vida segue por um fio, muitos fios, milhares de fios, no socorro de uma imensa esperança de que nenhum deles se rompa. Mas a tristeza já tem feito moradia certa em muitos lares, fios rompidos em últimos suspiros... Quantos fios serão cortados, até que a vida volte ao normal? Haverá vida igual depois do isolamento social? Estou a crer que não...

Na bolha da minha casa, posso apenas olhar pela janela e observar cada pedaço do eterno instante. No quintal dos fundos, guarda-se uma miniatura de paraíso. Ali é cultivada a horta das esperanças: um vaso de mil folhas, outro de peixinho, um pé de rosinhas, e o bambu japonês. Tem mato livre, leve e solto, os gatos fazem yoga, o sol me visita, e a chaminé da churrasqueira, nunca usada, virou condomínio de passarinhos.

Os dias são prolongados em uma esquecida espera. Não espero nada. Faço de conta que é só o agora. Durmo, acordo, debulho a rotina no tear dos instantes. O relógio do sol é o melhor marcador desse novo lugar entre o mundo lá fora e o 'eu/mundo' aqui dentro.

De resto, o que faremos – humanos – de nossos restos? Depois dos restos, que possamos recolher, em nós, a Humanidade Maior!

 

Imagem Ilustrativa do Post: still life school retro ink table // Foto de: mozlase // Sem alterações

Disponível em: https://pixabay.com/en/still-life-school-retro-ink-table-851328/

Licença de uso: https://pixabay.com/en/service/terms/#usage

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

Sugestões de leitura