ESCREVENDO SOBRE A VIDA EM TONS E SOBRETONS MUSICAIS E POÉTICOS ATEMPORAIS  

06/12/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Escrever sobre a Vida e a sua infinitude, não é fácil: ‘’A arte de viver é simplesmente conviver... simplesmente, disse eu? Mas como é difícil’’ (Mário Quintana). Mas, há aqueles que, ainda assim, ousam – e o fazem com tamanha maestria poética-poemática – decifrá-la para, logo após, ou logo depois, falar sobre ela. E é a por meio disso que se observa tentativas em cima de tentativas — e que parecem reinar nas vozes musicais brasileiras e nos poemas – de descrever, que bom seria desvendar, a vida e suas nuances mil.

Tentou a banda Skank, sugerindo-nos “deixar a vida nos levar.” Tentou Pitty, dizendo a nós que, “No mês que vem, tudo vai melhorar”, e, quando o fez ousou prever aquilo que não se pode prever (o tempo). Tentou Julio Iglesias, aconselhando-nos a viver esta vida, viver “até o final”, pois “o tempo voa sem parar”. Tentou Titãs, afirmando que “É preciso saber viver”; talvez um dos melhores aconselhamentos pois, verdade seja dita, toda pedra do caminho, nós podemos retirar, e, se o bem e o mal existem, nós podemos escolher. Tentou Gonzaguinha — e aqui fica a mais dina reverência ao seu jeito singular de usar a voz para dizer o que se quer/precisa ouvir —, quando disse e redisse que a vida é bonita (!), é bonita (!) e é bonita (!). Tentou o inesquecível Chorão (Charlie Brown Jr), quando nos relembrou que, em nossas histórias, há “dias de luta” e (também) “dias de glória”. Talvez Lulu Santos estivesse certo (ainda que seu foco fosse outro: o amor) quando nos relembrou que “o tempo voa, escorre pelas mãos”, e que nós devemos “viver tudo que há para viver”. Talvez Ivete Sangalo estivesse certa quando disse que “a felicidade um dia chega”. É preciso “viver a vida”, tal como dizia a “COLDPLAY’’.

Todavia, e com sinceridade, compreender a Vida e tudo que dela decorre, demanda tempo e vontade.

Tempo, para vivenciar as mais variadas experiências que ela, a vida, pode nos proporcionar, o que fará com que nós possamos, gradualmente, compreender as nuances que dela decorrem. Porque, em verdade, a vida trata-se de algo sobre o qual o escritor e poeta mexicano, Gabriel José Garcia Márquez, já havia falado: uma ‘’sucessão contínua de oportunidades’’, que podem e devem ser aproveitadas ao longo do e na medida do nosso tempo.

Vontade, por outro lado, para querer não apenas “viver a vida” (como dizia a COLDPLAY) — isto, ainda que seja inexplicavelmente necessário e benéfico, não parece ser suficiente —, mas desfrutar boa parte, que bom seria tudo, daquilo que cada experiência pode oferecer: “A dádiva de viver é sempre poder enxergar beleza em cada pequeno detalhe da vida, basta querer.” (Adrian Gras-Valezquez).

Se bem que a Vida – razão maior, havemos de concordar, de nossa existência – tende a impressionar a todos nós, e o faz de maneira diversa da que nós esperamos: às vezes através de momentos felizes (que nos fazem vibrar, comemorar, celebrar), às vezes por meio de momentos não-felizes (que nos fazem ficar tristes, acanhados, sem expectativas, sem fé).

Entretanto, há quem diga (e defenda) que a Vida, apesar de tudo e de todx, deve ser vivida, assim como ela é (sem deixar de lado as suas nuances que transformam-na no que ela é), independentemente da fase na qual estamos localizados, seja ela boa ou ruim. Até porque, como bem sabemos, fases são fases, que passam/passarão: talvez não hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã, mas um dia há-de passar.

A verdade é que viver, companheiros (as), é uma dádiva. Mas, que essa vivência seja temperada com calma (para fazer fluir a necessária pausa sobre a qual o escritor e poeta Carlos Drummond de Andrade já havia falado) e guiada por um alguém que sonha, para fazer ‘’valer a pena’’: ‘’Tudo vale a pena quando a alma não é pequena (Fenando Pessoa). Afinal, ela, a vida, é, sim, como dizia Gonzaguinha, bonita (!), é bonita (!) e é bonita (!). Ainda assim, é preciso assim enxergá-la.

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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