A entrevista de hoje é com o autor da obra Introdução à Criminologia, Felipe da Veiga Dias. A obra já está disponível para venda no nosso site e na Tirant! 

 

1) Dr. Felipe, poderia falar um pouco sobre o tema do livro?

O livro tem como tema a Criminologia para aqueles que gostariam de se inserir no campo. Por isso o assunto é tratado em um grau de amplitude que possa trazer o conhecimento dos autores principais em um trajeto quase totalmente cronológico e didático da área, o que direciona a uma concepção de “introdução”. Embora se possa dizer que a pretensão não é exaustiva, se tem a intenção de contribuir com a compreensão criminológica dos leitores, especialmente na sua localização e reconhecimento das vertentes abrigadas pelo pensamento criminológico. Porém isso não significa que aqueles que já tem uma trajetória não poderiam encontrar aqui uma fonte contributiva a sua reflexão, pois não se furta de uma análise crítica em essência.

 

2) Como foi o processo de criação da obra?

A ideia original da obra surgiu ainda em 2014, durante um período de estudo na Universidad de Sevilla, mas acabou tomando maior concretude nos últimos anos a partir de 2018. Inicialmente ela tinha sido pensada como a parte inicial de um outro livro, porém após alguns debates com colegas pesquisadoras e pesquisadores, especialmente com as professoras Tássia Gervasoni, Fernanda Martins, e o professor Augusto Jobim do Amaral, acabei por perceber que o livro tinha tomado vida própria e precisava ser lançado individualmente. Ademais, havia a demanda dos alunos que leciono na IMED em Passo Fundo, por uma obra que auxiliasse no entendimento da disciplina de Criminologia, o que também foi decisivo para finalizar a obra ainda fechar das luzes de 2020.

 

3) Como a obra pode contribuir para o meio jurídico?

Acredito que possa contribuir a todos os estudantes de Direito que quiserem compreender as ciências criminais para além dos enunciados normativos, ou seja, para aqueles que anseiam por um olhar a realidade daquilo que o sistema penal produz como resultado na sociedade. Ademais, creio que a obra como um todo esteja amparada por um pensamento crítico, o que significa que não haveria no livro uma tentativa de se colocar em zona neutra, já que isso tampouco existe. Significa que aqueles que já estão aprofundados no meio jurídico ainda vão se aproveitar de uma leitura com conteúdo, dados e posicionamentos acerca dos temas que atualmente afetam o campo criminológico e das ciências criminais como um todo.

 

4) Qual a importância de debater esse tema?

A importância se localiza no adequado entendimento sobre o seria a Criminologia, seu papel e sua capacidade de impactar um profissional jurídico criado para projetar um mundo ideal, baseado no dever-ser, e trazer esse sujeito para realidade produzida pelo sistema penal. Além disso ao introduzir o tema da Criminologia se está a fazer um convite aqueles que se colocam na posição de irresignação com o atual estado de coisas produzidos pelo Estado de Direito em um país desigual, de modo que ler sobre a infinidade de vias criminológicas é um alento para aqueles que desejam ver a valiosíssima contestação realizada por autoras e autores que mergulham na realidade para resistir ao status quo, muitas vezes justificado pelo Direito.

 

5) Qual aprendizado você teve ao estudar, escrever e analisar o tema?

O principal aprendizado foi de conhecer com mais exatidão o pensamento de alguns autores e autoras que compõem determinadas linhas criminológicas, pois como houve um longo tempo de maturação do texto, se tornou possível a leitura de textos originais dos principais expoentes criminológicos. Nesse sentido, além da novidade de alguns livros ainda não lidos, havia a renovação de ter um novo entendimento sobre obras já conhecidas, o que demonstra que a cada nova leitura se está a encontrar uma nova autora ou autor. Além disso se pode dizer que é uma alegria analisar um campo com tantas pessoas engajadas em produzir transformações, o que é sempre um alento aqueles que com resiliência lutam diariamente contra desigualdades, discriminações e injustiças ainda contidas na sociedade brasileira e com uma contribuição ímpar do sistema penal.