Educação, direitos humanos, cidadania e exclusão social: Luis Alberto Warat

30/04/2015

Por José César Coimbra - 30/04/2015

Resenha

O autor percorre noções como as de educação, direitos humanos, comunidade e subjetividade e deixa-nos de forma precisa o entendimento sobre o lugar nesse cenário que concede à mediação.

Luis Alberto Warat neste texto sublinha a necessidade de lançarmos sobre a relação entre educação e direitos humanos uma nova ótica que não apenas acentue o vínculo aí existente, mas que também aponte para a base que esse binômio propicia para que cidadania e subjetividade sejam vistas em novas perspectivas.

Essas novas perspectivas são realçadas pelo autor ao insistir nos verbos REinventar, REfundar, REpensar, que pontuam seu escrito do início ao fim.

As palavras, como observa, são o caminho para novos horizontes tanto quanto para a afirmação do passado. O autor apela para um novo uso delas, no qual de fato elas possam acenar-nos com esse futuro ao qual não chegaremos de forma gratuita.

Esse futuro inescapavelmente traduz-se em uma nova relação com a alteridade. Seria esse o ponto central da análise de Warat e a partir daí podemos entender o lugar especial que concede à mediação e às suas práticas não apenas neste livro mas em outros trabalhos, bem como o lugar e os desafios inerentes à atividade judicial e os motivos da importância de um controle político do poder judiciário.

Da mesma forma, na esteira de autores como Bataille, Agamben e Blanchot, Warat pontualmente concederá atenção especial à noção de comunidade. Para tanto, ele a abordará de modos diversos e relacionados: “toda comunidade deve estar aberta a aqueles que são estranhos uns aos outros”; “comunidade dos diferentes”.

No cenário construído pelo autor, as definições e as práticas de direitos humanos possuem lugar especial e indivisível. Daí afirmar que no passo a ser dado não há porque conceber direitos humanos como divididos por níveis ou gerações. As definições e as práticas de direitos humanos, em consonâncias com práticas educativas, devem colaborar na afirmação de nossa relação com a alteridade.

Essa relação com a alteridade, que pressupõe uma educação para a alteridade, deve partir da aceitação de que nossa relação com o outro é sempre conflitiva, sendo aí mesmo que nossa subjetividade é forjada.

Publicado originalmente em Goodreads.


Notas e Referências:

WARAT, Luis Alberto. Educação, Direitos Humanos, Cidadania e Exclusão Social: Fundamentos preliminares para uma tentativa de refundação. Disponível em: http://bit.ly/1tLh1Oz. Acesso em: 5 out. 2014.

Luis Alberto Warat traça neste livro as linhas-mestras do que entende ser o passo necessário para firmar o vínculo entre educação, cidadania, direitos humanos e formas de subjetividade calcadas na relação com a alteridade.


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José César Coimbra é Doutor em Memória Social – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro / UniRio e Psicólogo no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.  

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