DO PERIGO DE GUARDAR  

17/07/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Abri as gavetas, deixei sair fantasmas

Papéis amarelos, outros traçados

Carcomidos pelos cupins.

Olor velho de mágoas e confissões

Bilhetes aturdidos e cartas incompletas

E escritos à margem – sem nenhuma direção.

Pus a mão no fundo da gaveta sem calma para as minhas dores,

Buscando mal passado tão presente na carne,

Como se cumprisse estranha ordem.

Não é bom abrir os guardados,

Esquecidos ou trancados em algum armário;

Provar na leitura a fugitiva sensação,

Revivê-la...

Levar os risos da colombina

Ou às lágrimas do enterro.

Esses papéis me dizem do estrupício

Me caem pelos chorados de culpa,

Tecido de angústia e remorso.

Esses papéis, devo queimá-los agora,

Me falam de dívidas imperdoáveis

De dúvidas impagáveis;

Me contam de mim – não posso evitar.

Preciso fechar a cômoda,

Cerrar palavras falidas,

Deixar-me partir.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Coração // Foto de: biancamentil // Sem alterações

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