Desinformação na internet: barreira à expansão do conhecimento

16/08/2015

Por Antonio Marcos Gavazzoni - 16/08/2015

São inegáveis e tão fascinantes as facilidades disponibilizadas a nós por meio da internet que fica difícil imaginar nossas atividades cotidianas sendo executadas sem acesso à web. Em pesquisa divulgada no final de abril, o IBGE informou que o mundo virtual é realidade para quase metade dos brasileiros e, em cinco anos, o aumento do número de usuários foi de mais de 50%. Como ferramenta de uso ampliado e livre, a internet impulsiona tanto a produção de conhecimentos fantásticos quanto a de lixo cultural, com impressionante poder de multiplicação. Entre esses multiplicadores, temos os chamados "haters" – odiadores, em tradução literal. Pessoas que postam comentários de ódio ou crítica sem muito critério – e que, por incrível que pareça, têm público cativo, especialmente nas redes sociais.

Em artigo intitulado "A arte de escrever para idiotas", a filósofa Marcia Tiburi classifica os diversos tipos de "críticos" que conquistaram notoriedade na internet. Pessoas que não se abrem à experiência do conhecimento, repetem clichês e defendem sem nenhuma razoabilidade ideias sobre as quais nada sabem. Esse tipo de "escritor" é extremamente ativo e amplamente aclamado. Ele inibe, muitas vezes, a exposição de ideias ou pontos de vista por parte de especialistas em seus temas, que não estão dispostos a se expor ao ódio gratuito dos milhares de "sem noção" espalhados pela rede.

Um exemplo clássico é a divulgação de situações que envolvam governo e economia local. Um post recente de um tarimbado jornalista catarinense sobre Lei de Responsabilidade Fiscal, suscitou comentários inflamados blasfemando a Petrobras, as viagens dos deputados, os cargos comissionados - assuntos totalmente desconectados do tema exposto. O tema comissionados é, via de regra, o campeão de audiência entre os comentários doshaters que expõem, com orgulho, sua total ignorância sobre o funcionamento dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Importante deixar bem clara a diferença entre aqueles que não sabem, porque muitas vezes não tiveram oportunidade ou mesmo interesse – e aqueles que não sabem, não querem saber e têm raiva de quem sabe.

Você, que está se dando ao trabalho da leitura deste artigo, talvez não saiba que o que o Governo do Estado gasta com os cargos comissionados não representa 1% do total da folha de servidores, e que SC tem o menor quadro de comissionados do Brasil. Os números escancaram que, definitivamente, não é aí que se concentram os gargalos para investimentos. Se a sociedade fosse consciente do funcionamento das estruturas que ela ajuda a bancar, talvez tivéssemos ainda mais haters – mas aí com conhecimento de causa. Que protestariam, por exemplo, contra o fato de gastarmos mais com o pagamento da previdência dos servidores públicos do que com educação e saúde para toda a população. Nosso estado tem hoje o quarto melhor portal de transparência do Brasil. E a grande maioria dos acessos ainda se dá para a consulta sobre os salários dos servidores. O que falta não é informação, é interesse.


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Antonio Marcos Gavazzoni é formado em Direito pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (UNOESC), mestre e doutor em Direito Público pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi Procurador Geral do Município de Chapecó e professor na UNOESC, na Escola Superior da Magistratura de Santa Catarina e na UNOPAR. Em janeiro de 2015 assumiu pela terceira vez a Secretaria de Estado da Fazenda do Estado de Santa Catarina, cargo que ocupa até o momento.  Email: contatogavazzoni@gmail.com


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O texto é de responsabilidade exclusiva dos autores, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.


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