DEPOIS DISSO AINDA É AGORA

21/11/2021

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

A noite foi engolida por turbulências. A madrugada riscou em azuis escuros alguns pontos luminosos da varanda. As mãos não dormiram. Escreveram na penumbra, ensinando aos dedos o caminho mais curto para o caderno. A manhã surgiu desacreditada, porém robusta. O sol queimou meus ombros enquanto eu procurava águas paradas no quintal por trás de casa. Correntezas tomaram conta por trás da alma. Lavei roupas chegadas da rua. Álcool, álcool, álcool, álcool. Quis vinho branco tinto tinta – tonta –.

Ouvi Sérgio Sampaio. Um rádio vizinho tocando Caetano, enquanto no coração o mais profundo silêncio. Os gatos miaram, os gatos comeram, os gatos dormiram. E eu delirei um sonho antigo costurado com barbante azul bem nas beiradas dos meus abismos. Essa languidez amedrontadora dos dias tão esquisitos, deixando o peito em estado quase catatônico, de tantos sobressaltos. Que a vida não seja sempre assim de súbito, um respiro e depois nenhum, esse medo lancinante desse invisível, essa cortina de fumaça mascarando a outra ponta do mesmo barco. E não adianta escolher estibordo ou bombordo, o barco abarca, o barco aperta, o barco aparta, no fundo, na fresta, na nesga, na porta. Que sejamos humanos melhores depois do 'dilúvio invisível'. Esperança brilhe luz sempre acesa nos escuros do mundo!

 

Imagem Ilustrativa do Post:  person in white lace skirt on green grass field photo – Free Barefoot Image on Unsplash // Foto de: Joel Wyncott // Sem alterações

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