Da mixofobia à mixofilia

22/07/2018

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

 

O que aconteceu conosco

nós, humanos

que perdemos o interesse

e a vontade de olhar

o outro com profundidade?

 

Por que nos isolamos tanto

em nossas redomas

protegidos até de nós mesmos

para não ver

não sentir

não conhecer?

 

A mixofobia,

Bauman[i] dizia,

é o medo de misturar-se

é o não querer estar perto

do estranho,

do desconhecido,

do diferente.

 

As cidades se constróem

para nutrir a fobia

para nos deixar em agonia

e não permitir o contato,

não autorizar o estar perto.

 

Não se trata da proximidade

corriqueira da vida

em que esbarramos uns nos outros

o tempo todo

e não nos reconhecemos.

 

Trata-se da palavra oposta

a mixofilia

a vontade de conhecer

misturar-se,

agregar-se,

sentir prazer em acessar a cultura

e o pensar diferente.

 

O que aconteceu conosco

em que o medo do diferente

nos deixou ausentes

da possibilidade de viver o novo,

de estar com gente,

de ver o invisível?

 

Até quando nos isolaremos

e não perceberemos

nossa falta de humanidade

de amor e de solidariedade?

 

Até quando estaremos cegos

em busca do conforto

do não olhar,

não conhecer,

não abraçar,

não acolher?

 

Até quando?

 

Notas e Referências

[i]  Zygmunt Bauman fala sobre a mixofobia e a mixoflia em sua obra Amor Líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos.

 

Imagem Ilustrativa do Post: Empty Chair // Foto de: Thomas // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/photommo/27591598184/

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