Da Esperança

13/01/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Quando a penumbra caiu diante de nós como cortina espessa,

Eu vi a viscosidade de um tempo líquido encobrir certezas;

Eu ouvi as vozes das ruas, gravando em força e pedra,

A história circular de uma antiga era;

Repetindo o tempo de homens partidos,

Despertos, errantes, ansiosos e aflitos.

Todos sedentos de fantasias e teorias elegantes;

Nesse mundo tão estreito de vizinhos tão distantes.

Parece Pandora com a caixa aberta,

Quando os demônios soltos espalham dúvida sobre a terra.

 

Mas também vi, no fundo da caixa, resplandecente e verde estrela;

Vencendo com sua luz a penumbra, a dúvida e a pedra,

Vencendo a inércia que nos ata

E a estranheza que nos separa.

Esperança é seu nome e brilha além da serra,

Acima do preço do pão e do valor da terra;

Reluz além do maior mirante,

Guiando o pragmático escudeiro e o cavaleiro andante;

Pois sabem que a vida é barco de vela aberta,

Conquista à procura de navegante.

 

Mas a esperança pede ação.

Pois é do embate das nuvens carregadas que vem o relâmpago e o trovão.

É necessário romper o rudimentarismo do desejo,

Para que essa força luminosa passe de mero lampejo.

Quem espera não alcança nada além da visão;

É filho pródigo e prematuro da omissão.

“Audácia, audácia e mais audácia”, disse o revolucionário;

Mas, hoje, os curtidores refugiam-se no mais próximo balneário.

Se esquecem que é do suor e do risco que vêm o novo e o troféu.

E que ninguém deveria se levantar da cama sem sonhar, um dia, tocar o céu.

 

 

Imagem Ilustrativa do Post: light and shadow 2 // Foto de: Rookuzz. // Sem alterações

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