Conhecimento e Abismo

28/10/2015

Por Bernardo Montalvão Varjão de Azevedo - 28/10/2015

Quanto mais o homem conhece, mais ele desconhece. E é fácil compreender isso. Se conhecer, por um lado, for mergulhar (aprofundar ou verticalizar) no conhecido em busca do desconhecido, então, quanto mais profundo for o mergulho, menor será o conhecimento daquele que mergulha acerca do todo. Afinal, se o mergulho perfura a superfície do conhecimento, então, é preciso admitir que ele despreza o restante dela, em toda a sua extensão. Por outro lado, se conhecer for irradiar, for expandir (no sentido horizontal), então, é preciso aceitar que conhecer é caminhar sobre uma superfície. Mas não uma superfície qualquer. E sim, uma superfície instável, "uma corda bamba". Afinal, neste caso, conhecer seria caminhar sobre probabilidades, e não sobre certezas.

Por conseguinte, o conhecimento não dá ao homem consciência de sua ignorância. Platão, um dia, disse o contrário. O conhecimento dá ao homem consciência dos limites do próprio conhecimento. E a ignorância não é um limite. O desconhecido é uma suposição. Uma hipótese sem qualquer possibilidade de confirmação. Se o desconhecido for compreendido como aquilo que, ainda, não é conhecido, então, neste caso, caberia perguntar: como o conhecimento dá ao homem certeza da existência do desconhecimento? A rigor, não é possível ter certeza nem daquilo que já é conhecido! Afinal, tudo que é conhecido é passível de revisão. Então, o que é o conhecer? Conhecer é caminhar à beira de um abismo. Se o homem caminha sobre a superfície, então, ele desconhece o perigo do desfiladeiro da ignorância. No entanto, se ele se arrisca a descer o abismo, em busca do desconhecido, então, há sempre o risco que ele de lá não volte.


bernardoBernardo Montalvão Varjão de Azevedo é Mestre em Direito Público pela UFBA, Pós-Graduado em Ciências Criminais pela Fundação Faculdade de Direito vinculada ao Programa de Pós-Graduação da UFBA. Graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Professor de Direito Penal da Universidade Salvador – UNIFACS; Professor de Processo Penal da Universidade Católica do Salvador – UCSAL. 

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Imagem Ilustrativa do Post: Tightrope 2 // Foto de: Tom A La Rue // Sem alterações

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O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.


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