Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Caro(a) Leitor(a),

Escrevo esta Carta a título de um desabafo: (porque) estou cansada dos olhares maldosos e dissimulados direcionados à minha pessoa; portanto, escrevo sem a menor pretensão de ser lida — como as tantas outras vezes que o fiz, em tantas outras histórias do meu diário.

Talvez você encontre este texto e queira lê-lo; e, se assim o fizer, agradeço-lhe por se dispor a ler o que tenho a dizer a ti e a todos(as) — e quem sabe a decifrar uma parte do que carrego comigo.

Talvez você se surpreenda com a leitura de quem eu realmente sou: uma Mulher totalmente ‘desconfigurada’ e ‘fora do padrão’, mas cheia de estilo; uma pessoa séria, mas muito risonha; preocupada, mas não louca; cansada, mas responsável; aquela que também diz “não”; sensível, mas forte como uma guerreira; romântica, e não melancólica; dona de si; o inverso de tudo o que dizem sobre mim, de como me veem: a rainha má, que causa a desordem no Castelo; a princesa que foi instruída a sempre dizer “sim” contra a sua própria vontade e que, quando disse “não”, desonrou a família; a plebeia, que se mistura com qualquer um que vê pela frente; a interesseira, que só pensa em bens materiais; a louca; a qualquer e sem futuro.

Arriscar-me-ei a fazê-lo, porque nas últimas vezes em que tentei me expressar, sequer fui ouvida; pelo contrário, fingiram que eu era louca, retiraram os meus direitos e me internaram — e aqui estou, presa, numa sala vazia, com um diário em mãos; com as outras, fizeram atrocidades, que, só de pensar, me deixam com o estômago embrulhado (e não é só de fome).

Talvez, desta vez, você leia o que tenho a dizer, antes de me atacar.

Mas, faço-lhe um pedido: leia-me com cuidado: não quero ser a próxima.

Assinado,

Alguém que Pede Socorro

 

Imagem Ilustrativa do Post: letter // Foto de: Álvaro Serrano // Sem alterações

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