CANDELÁRIA

03/11/2023

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Eles não tiveram infância

Seus direitos lhes foram negados

Na margem social e na mendicância

Foram brutalmente assassinados

 

Dormiram na rua e na calçada

Todos eram guris

Ainda que sofriam na madrugada

Eram capazes de sorrir

 

Por certo sorriam

Vendendo balas e chicletes

Eles viviam

Não como crianças, mas como moleques.

 

Identificados

Era algo bem pior

Seus nomes esquecidos

Reconhecidos como “menó”

 

Nas proximidades da igreja

Sem compaixão e amargura

Experimentaram a tristeza

Era pouco ter uma vida dura

 

Eram brasileiros

Eram adolescentes e crianças

Fizeram da rua o seu ninho

De cada esmola a esperança

 

Há quem fale das drogas

Como se isso fosse a grande vilã

Não estiveram na escola

Não tiveram um amanhã

 

Foram exterminados

O Rio de Janeiro parou

Se passar lá na Candelária hoje

Há de ver que pouca coisa mudou

 

Existe uma cruz e uma marca no chão

Mas muitas crianças ainda estão na rua

Permanecem desassistidos e sem proteção

Esses, sim, experimentam a vida nua

 

Perambulando e sem paz

A própria sorte, vivendo em esquina

Para alguns, são seres estranhos e anormais

Mas que estão fugindo da morte, da chacina…

 

Imagem Ilustrativa do Post: VERSAILLES_AOUT_2015_0087.JPG // Foto de: domidoba // Sem alterações

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