BECO DA JOVEM  

23/03/2019

 Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

Vamos aqui neste dia, fazer com muita alegria

Uma grande inauguração

Vou falar palavras bonitas, que venha com sabedoria

E do fundo do coração.

 

Pra falar de uma grande mulher que de Sergipe saiu

Quando sua mãe fazendeira para Bahia fugiu

Saindo em desfavor, deixando a vida tranquila

Para viver um grande amor

E para trás deixou seu marido encantado

E outra vida foi tentar com o empregado apaixonado

 

Chegando na Bahia a ilusão acabou

Pois D. Jovem sabida, sabendo da fulga

Seus irmãos ela catou

E sua mãe num gesto de loucura, seguindo o ditado popular:

Que a coisa pura dá gastura

Teve que uma decisão tomar

Saiu distribuindo seus filhos, de família em família

Para os outros criar

 

D. Jovem tadinha, ainda muito magrinha

Foi adotada por uma senhora chamada D. Nininha

Bobo quem pensou que era um gesto de amor

Era só uma forma de dar as suas filhas mimadas

Um Jovem precisada para servir de empregada

 

Tentando fazer a sua vida melhorar

D. Jovem conheceu um rapaz, com o nome de Reginaldo

Com quem veio se casar

Parecia até uma piada, pois agora para as cunhadas

Foi mais uma vez servir de empregada

 

Depois de algum tempo em São Sebastião foi morar

Numa casa que seu irmão Milton (Garapa) resolveu presentear

A felicidade deveria enfim chegar

Mas seu marido, na fraqueza, deixou o alcoolismo o dominar

E fazendo o que não deveria fazer

Pegou a pobre da Jovem e começou a bater

 

O maltrato foi tanto que vocês não vão acreditar

Por que um dia D. Jovem não quis levantar para sua janta colocar

Um balde de água ele encheu

E no rosto de Jovelina ele resolveu jogar

 

Triste gesto ele resolver fazer

Pois um homem nunca deve em sua mulher bater

Mas triste mesmo ele quem ficou

Pois a partir daquele dia, uma decisão Jovem tomou

Chamou o miserável e dele se separou

 

A partir daquele momento, era ela para criar

Os quatro filhos que Deus deu para ela gerar

Mas como Deus é bom e gosta da gente

Mesmo com tantos sofrimentos, pensem numa mulher contente!

Os vizinhos que presenciavam tudo, D. Jovem podia contar

Era D. Maria, Sirlene, Cristina e Delegado sempre para ajudar

Sem contar os demais, que por hora não dá para relatar

 

Mulher de garra e de fé, ela nunca desanimou

Sempre trabalhava e seus filhos ela sustentou

E haja roupa de ganho que D. Jovem lavou

Enfim a sorte resolveu mudar

Na Câmara de Vereadores começou a trabalhar

Por todo tempo que lá ficou, inúmeros amigos ela cultivou

Trabalhou muito, sem parar

Até que conseguiu se aposentar

 

Depois de tantas mágoas guardadas

De uma vida sofrida danada, a doença resolveu aparecer

E cada dia uma coisa nova, Jovem veio a piorar

Até o dia de falecer

 

Mas esse momento não é de tristeza e sim de alegria

Por que gozar a vida, D. Jovem sabia

Depois que o pior passou

Pense numa velha que paquerou!

Se fosse nos dias de hoje, seria baladeira

Mas no tempo dela, foi uma grande seresteira

 

Quando a vida melhorou, sua casa ela reformou

E deu a seus filhos uma vida de riqueza

Riqueza não de dinheiro, mas de alegria e de fartura

Por no tempo ruim não ter o que comer

Quando a vaca engordou, aí sua mesa se encheu

Dos vizinhos não esqueceu por ser uma mulher de grande coração

Sua palavra de ordem era gratidão

 

Então amigos para finalizar

Como aqui no beco ela adorava ficar

Para beber sua cervejinha e prosear

É que resolvemos homenagear

Agradecendo a Deus por esse momento

É que damos à D. Jovem

o nome do Beco.

 

 Co-autora do livro Feminismos, Artes e Direito das Humanas 

 

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

Sugestões de leitura