BAILARINA

08/11/2019

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos
 

Sonhei em ser uma bailarina,
De alma pura, cristalina,
Leveza nos movimentos,
Precisão e elegância;
Era sonho de infância,
Mas não, não levo jeito,
Porque alcançar o perfeito
É sempre muito difícil.
Nem sempre o corpo
Acompanha a cabeça;
O horizonte se perde,
Os braços desmontam,
As pernas, às vezes, vão além
Do que o movimento permitiria.
Quem dera fosse eu
Uma clássica bailarina,
Com candura de menina,
Ingenuidade feminina
E corpo de mulher.
Mas o contemporâneo me seduz
E eu danço o que vier,
Ainda que desconheça os ritmos,
Que não acerte um ‘demi plié’ sequer;                        
Queria a fragilidade
De uma bailarina clássica,
Mas a vida não permite fragilidades
E, num passe de mágica,
Toco castanholas,
Torno-me inatingível,
Seduzo e afasto,
Beijo, abraço,
Viro espanhola.
E, no toque de um enigmático violão,
Meu rosto angelical despenca;
E minha alma ressurge,
Certa, feliz, segura, plena,                                                                                                 

Numa intensa e apaixonante
Dança flamenca.

 

*Foto do arquivo pessoal da Coordenadora Taysa Matos

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou posicionamento do Empório do Direito.

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