B-erros

14/03/2020

Coluna Direito e Arte / Coordenadora Taysa Matos

A minha chegada aqui derrubou em parte o meu saber. O que a gente pensa saber e não sabe. Eu vi gente se esborrachar, se afastar, se confundir e enfraquecer, mas achei crescimento. E que medido é muito, muito humano. Vocês são corajosos. Eu sou fraca, não ousaria. Pra mim que observo, é fascinante essa luta tiradentiana daqueles que acabam enforcados e negados em vida até que o sacrifício seja reconhecido. Na geração de vocês, as coragens sublimam. Buscam as buscas das gerações passadas, mas taí [sic]: aprendem na carne. As pessoas se acomodam demais com os anos, o acúmulo material, o status, a rotina. E paralisam quando percebem que sozinho, ninguém, ninguém perpetua uma mudança. E quando reconhecem isso e que poucos são os que berram, elas se calam. É! os berros enrouquecem. Não produzem ecos, nem assimilam. Morrem no ar que respiramos. Somos podres, como apodrecem todas as coisas quando não são preservadas. E preservar a verdade, o discernimento, a dignidade, ainda não houve meios. As pessoas buscam no transcendental, o que, na verdade, falta é conhecimento. Conhecimento!

 

Escrito em 2009 para a criação do espetáculo NA PALMA DOS OLHOS – Prêmio Funarte Klauss Vianna 2009/2010. Compõe dissertação “O Caso dos Irmãos Naves: processamentos artísticos a partir de um erro jurídico” (2013) – no tópico “Um exercício de dramaturgia – memórias de Alamy”.

 

 

Imagem Ilustrativa do Post: Grito // Foto de: Jose Losada - Fotografía // Sem alterações

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